O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro (PSC), afirmou nesta segunda-feira, 31, em seu perfil no Twitter que recebeu um telefonema do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Simbólico, o gesto sinaliza o retorno do diálogo entre o Palácio Guanabara e o governo federal, que havia sido interrompido por causa das brigas entre o governador afastado, Wilson Witzel, e o presidente Jair Bolsonaro.
"Recebi agora há pouco uma ligação do senador Flávio Bolsonaro, que se colocou à disposição para ajudar o Estado do Rio de Janeiro na renovação do Regime de Recuperação Fiscal. Diálogo! Todos pelo Rio!", escreveu Cláudio.
Para além dos problemas internos de Segurança e Saúde, o Rio tem na recuperação fiscal um dos temas mais urgentes neste momento. E depende, nesse contexto, da União. O plano de recuperação do Rio completa três anos no próximo dia 5, e o governo fluminense luta com o federal para se manter no regime.
O diálogo em si entre Rio e União é visto positivamente pela política fluminense. Nos últimos meses, negociações entre o Estado e o governo federal precisavam ser feita diretamente entre secretários e as respectivas áreas de interesse em Brasília, sem participação de Witzel. A recuperação fiscal, por exemplo, era tocada pelo secretário de Fazenda, que mantém contato com o ministério e com parlamentares da bancada fluminense no Congresso
O Rio foi o único Estado a aderir ao RRF, criado como saída para os governos estaduais em dificuldades financeiras. Pelas regras, o Estado enquadrado faz um plano de recuperação com uma série de medidas de ajuste fiscal, como elevação da contribuição previdenciária dos servidores. Em troca, o pagamento das dívidas com a União, ou garantidas por ela, é suspenso.
Na quinta-feira, 27, o secretário de Fazenda, Guilherme Mercês, estimou que o Rio poderá ser obrigado a pagar R$ 10 bilhões em dívidas com a União, ainda este ano, caso não seja mantido no RRF, diante de um rombo nas contas que já era estimado em R$ 25 bilhões. A Fazenda estadual trabalha num pedido formal de prorrogação do plano até 2023, a ser entregue ao Ministério da Economia até a sexta-feira, 4. /COLABOROU VINICIUS NEDER