Lula destacou a importância do multilateralismo e de ações climáticas na ONU, celebrou a afinidade com Trump e enfatizou a relevância da COP30 e da reformulação da ONU para maior governança global.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre o breve encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse ter ficado feliz ao ouvir do republicano que 'pintou uma química' entre os dois. A declaração se deu em entrevista coletiva na sede da ONU em Nova Iorque, EUA, nesta quarta-feira, 24.
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Com a proximidade do fim da agenda na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Lula fez um balanço das atividades e comentou que a reunião tem uma 'importância muito gratificante' para o Brasil: "Nós queríamos reforçar a ideia do multilateralismo, a ideia da democracia e reforçar nossa COP-30, em Belém (PA)". Além das discussões, o petista disse ter ficado satisfeito com o encontro com Trump.
"Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível, aconteceu, e fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, acho muito importante essa relação", declarou Lula.
O presidente brasileiro também falou sobre a relação entre os dois países, os quais colocou como 'as duas maiores democracias do continente', citou os interesses comuns entre Brasil e Estados Unidos e a possibilidade de uma reunião bilateral nos próximos dias.
"Se nós somos as duas maiores economias e os dois maiores países do continente, não há por que Brasil e EUA vivam em momentos de conflito. Fiz questão de dizer ao presidente Trump que temos muito o que conversar, tem muitos interesses dos dois países em jogo, muita coisa para discutir sobre a necessidade de a gente garantir a paz no planeta", acrescentou.
"Fiquei satisfeito quando ele disse que é possível a gente conversar e, quem sabe, dentro de alguns dias, a gente se encontrar e fazer uma pauta positiva entre EUA e Brasil e Brasil e EUA. É isso que eu quero e acho que é isso que ele deve querer também", disse, por fim.
'Vamos fazer a COP da verdade'
Na coletiva, Lula também deu destaque às discussões sobre as mudanças climáticas na Assembleia Geral da ONU e colocou o Brasil como exemplo de que 'o problema do clima depende pura e simplesmente da vontade política de cada governante'.
"No caso do Brasil, além de a gente ter a maior reserva florestal do mundo, temos ainda 40 milhões de hectares de terras degradadas, e que a gente pode florestá-las como a gente quiser, numa demonstração de que o problema do clima depende pura e simplesmente da vontade política de cada governante e, mais importante, de a gente acreditar na ciência", afirmou.
Assim, o petista declarou que a COP30, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém (PA), será a 'COP da verdade': "Se não fizermos a COP da verdade, a humanidade vai perder a crença nessas reuniões de chefe de Estado. Se discute muita coisa e não se aplicam as coisas que são discutidas, então não há porque a humanidade continuar acreditando.
"Tenho dito que será a COP da verdade porque vamos ter que colocar os cientistas para falar com os chefes de Estado. É muito importante que todos que compareçam lá ouçam os cientistas dizerem o que está acontecendo no mundo, para facilitar nossa tomada de decisões", disse.
No discurso, Lula também declarou o apoio a uma 'governança mundial mais forte', destacando a necessidade de reformulação da Organização das Nações Unidas 'desde seu estatuto até sua composição'.
"Ela [ONU] está mal representada. Os países e a humanidade evoluíram. É preciso acabar com o direito de veto na ONU e, sobretudo, na questão do clima, quando a gente tomar uma posição, é preciso que todos cumpram. Aí sim, se um país não cumprir uma decisão e prejudique o planeta, ele merece ser punido -- não de maneira unilateral, mas ser punido pelo conjunto dos países", ressaltou.
Ainda segundo o petista, as mudanças na entidade visam maior poder de combate a conflitos armados e de preservação ambiental: "É preciso que a gente reformule para que a ONU tenha força para evitar guerras como em Gaza, na Ucrânia, e ao mesmo tempo a gente tomar decisão para resolver a questão do clima, que pode levar o ser humano a se transformar no primeiro animal vivo capaz de destruir seu habitat natural".