Envenenamentos em série: quem são as vítimas atribuídas a estudante de direito

Estudante de Direito foi presa em São Paulo e é acusada de quatro homicídios cometidos por envenenamento em dois Estados

10 out 2025 - 14h21
(atualizado às 17h12)
A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 35 anos, foi presa em São Paulo sob acusação de envenenar quatro pessoas — três em cidades paulistas e uma no Rio de Janeiro
A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 35 anos, foi presa em São Paulo sob acusação de envenenar quatro pessoas — três em cidades paulistas e uma no Rio de Janeiro
Foto: Divulgação TJSP

A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 35 anos, está presa preventivamente desde o dia 4 de setembro, em São Paulo, sob suspeita de ter matado quatro pessoas por envenenamento. As mortes ocorreram em Guarulhos, na capital paulista, e em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O caso veio à tona após a prisão de Michelle Paiva da Silva, 43, acusada de matar o próprio pai, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, com a ajuda de Ana Paula — colega de faculdade da autora.

Primeiro caso: Marcelo Hari Fonseca

Ana Paula vivia nos fundos da casa de Marcelo Hari Fonseca, 51, em Guarulhos. O corpo dele foi achado no dia 31 de janeiro, em avançado estado de decomposição. Foi a própria Ana Paula quem acionou a Polícia Militar, dizendo ter sentido um odor forte vindo da residência.

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Na ocasião, a morte foi tratada como de causa indeterminada, e o inquérito chegou a ser arquivado em 5 de maio. Porém, a filha da vítima, Giuliana Santana Fonseca, pediu a reabertura da investigação, afirmando que Ana Paula havia limpado o local onde o corpo foi encontrado. Com a retomada do caso, a universitária acabou confessando o crime durante depoimento no 1º Distrito Policial de Guarulhos.

Segunda vítima: Maria Aparecida Rodrigues

Pouco tempo depois, em 11 de abril, Maria Aparecida Rodrigues foi encontrada morta em casa, também em Guarulhos, sem sinais aparentes de violência. Inicialmente, o caso foi tratado como morte natural. A suspeita de envenenamento surgiu quando a filha da vítima, Thayná Rodrigues Felipe, relatou à polícia que a mãe havia saído, na véspera, com Ana Paula — que se apresentava com o nome falso de “Carla”.

Na noite anterior à morte, Maria Aparecida esteve na casa da estudante, onde tomou café e comeu bolo. Roberta, irmã gêmea de Ana Paula, também estava presente. No dia seguinte, ao encontrar o corpo da mãe, Thayná viu a suspeita no local, que admitiu ter saído com a vítima na noite anterior.

Terceiro caso: Neil Corrêa da Silva

O idoso Neil Corrêa da Silva, 65, morreu em 26 de abril, em Duque de Caxias (RJ). A Polícia Civil de São Paulo aponta que o caso foi planejado por Ana Paula com a participação da irmã, Roberta Cristina Veloso Fernandes, e de Michelle Paiva, filha do idoso.

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Mensagens trocadas entre as irmãs revelam que os crimes eram chamados de “TCCs”, uma espécie de código para se referir aos homicídios. Segundo o delegado Halisson Ideiao Leite, responsável pelo inquérito, os áudios e conversas mostram “planejamento, divisão de tarefas e tentativa de ocultar rastros financeiros”.

Michelle teria servido ao pai uma feijoada misturada com veneno, com ajuda de Ana Paula. A própria estudante enviou um áudio à irmã dizendo que havia dado “comida batida no feijão” para o idoso, mas que “não conseguiu fazer o TCC como planejado”. O corpo de Neil foi exumado nesta semana para novos exames periciais.

Quarta vítima: Hayder Mhazres

O tunisiano Hayder Mhazres, 21, é a quarta e última vítima associada à estudante até agora. Ele morreu em 23 de maio, em um condomínio no Brás, região central de São Paulo.

Segundo a investigação, Ana Paula mantinha um relacionamento com o rapaz e estava com ele quando ele começou a passar mal. O Samu foi acionado, e Hayder chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu.

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Mensagens obtidas pela polícia indicam que Ana Paula teria fingido estar grávida dele e enviado fotos falsas a familiares do tunisiano. Após a morte, o corpo foi levado para a Tunísia, sem perícia no Brasil.

A polícia afirma que, em todas as ocorrências, a estudante demonstrou frieza emocional e tentava manipular as circunstâncias dos crimes. Em alguns diálogos, Ana Paula e Roberta falavam sobre “valores mínimos” a cobrar pelos “TCCs”, e o uso de dinheiro em espécie para evitar rastreamento.

O caso segue em investigação conjunta entre as polícias civis de São Paulo e Rio de Janeiro.

Fonte: Portal Terra
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