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Em busca de visibilidade, Aécio enfrenta sombra de Serra e problemas do PSDB

21 ago 2013 - 13h22

Três meses depois de assumir a presidência do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ainda enfrenta o desafio de tornar-se nacionalmente conhecido para se cacifar como principal adversário da presidente Dilma Rousseff no ano que vem e pode ter pela frente uma disputa dentro do próprio partido.

Aécio Neves gesticula durante convenção do PSDB em Brasília. Três meses depois de assumir a presidência do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ainda enfrenta o desafio de tornar-se nacionalmente conhecido para se cacifar como principal adversário da presidente Dilma Rousseff no ano que vem e pode ter pela frente uma disputa dentro do próprio partido. 18/05/2013.
Aécio Neves gesticula durante convenção do PSDB em Brasília. Três meses depois de assumir a presidência do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ainda enfrenta o desafio de tornar-se nacionalmente conhecido para se cacifar como principal adversário da presidente Dilma Rousseff no ano que vem e pode ter pela frente uma disputa dentro do próprio partido. 18/05/2013.
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

No terreno tucano, o mineiro já disse que vê "com muita naturalidade" prévias, como sugerido pelo ex-governador José Serra, embora o tema não tenha sido "suscitado" internamente. Fora do seu reduto, a maior aposta para ganhar terreno recai sobre o programa nacional do partido no rádio e na TV em setembro.

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Diante da movimentação de Serra, Aécio, que em 2009 defendeu uma prévia para a escolha do candidato do PSDB em 2010, disse publicamente que aceita a consulta interna, mas ressalvou que só poderia ser feita após o prazo final para se filiar a um partido para o pleito do ano que vem, que se encerra em outubro.

"Em 2009, propus ao partido as prévias, continuo achando que são um instrumento importante, basta que após o prazo de filiação, após outubro, haja no partido mais de um postulante e essa postulação seja submetida à Executiva do partido, como prevê o estatuto do partido", disse o senador a jornalistas.

"Esse não é um assunto que tem demandado discussões internas no partido. Tivemos uma grande reunião, esse assunto não foi suscitado, mas é legítimo que quem esteja no partido possa pleitear."

Aécio tem adotado, desde fevereiro, uma retórica de candidato a presidente, assumiu a postura de porta-voz dos tucanos fazendo críticas constantes ao governo e aumentou a frequência de suas aparições públicas, num processo que culminou com sua eleição para presidir o PSDB e seu protagonismo no programa de rádio e TV do partido, em maio.

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No mês seguinte, o cenário político foi abalado pela onda de manifestações, que resultou em forte queda tanto na popularidade de Dilma quanto na sua intenção de voto para o ano que vem.

Aécio, entretanto, diminuiu o ritmo nesse período e não capitalizou sobre a queda da popularidade da presidente. De quebra, agora no momento em que Dilma começa a se recuperar, o tucano passa a conviver internamente novamente com a sombra de Serra.

Além disso, o PSDB tem de lidar com denúncias de irregularidades em obras do metrô de São Paulo, Estado governado pelos tucanos há 18 anos e principal vitrine da legenda.

"Nós tivemos o cuidado, o senador (Aécio) teve o cuidado de não parecer oportunista (em relação às manifestações)", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), um dos tucanos que têm estado mais próximos de Aécio desde que ele assumiu postura de presidenciável, ao explicar a conduta do senador mineiro no período em que Dilma perdeu popularidade.

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"A partir de agora a preocupação do partido é com a unificação do discurso e difusão da nossa proposta. O primeiro desafio é tornar o senador conhecido", acrescentou.

O pouco conhecimento de Aécio entre o eleitorado é apontado pelos caciques tucanos como o principal obstáculo para que ele não tivesse um desempenho melhor nas pesquisas. A cúpula do partido acredita que quando as eleições se aproximarem ele ganhará musculatura e a grande aposta para um novo impulso de Aécio nas pesquisas é o programa nacional do partido no rádio e na TV em setembro.

Segundo o Datafolha, Aécio cresceu 7 pontos na preferência do eleitorado entre o fim de março e o fim de junho --justamente o período em que aumentou sua exposição e que ocorreu a onda de protestos--, chegando a 17 por cento no cenário mais provável de candidatos.

O tucano, no entanto, perdeu fôlego no levantamento do início deste mês, o mesmo que apontou recuperação de Dilma. Com 13 por cento, Aécio apareceu na terceira posição, atrás da ex-senadora Marina Silva, que busca fundar um novo partido, a Rede Sustentabilidade, e da líder Dilma.

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"A candidatura do Aécio está consolidada no partido, mas não na sociedade. A candidatura da Marina está consolidada na sociedade, mas não partidariamente", disse à Reuters um cacique tucano que falou sob condição de anonimato. Na avaliação desse membro da cúpula do partido, se a eleição fosse hoje Dilma venceria o PSDB novamente.

A despeito de ficar atrás de Marina nas simulações eleitorais, a avaliação no tucanato é que ainda é cedo para considerar a ex-senadora uma adversária prioritária, apesar de ter sido a maior beneficiada com as manifestações de junho e despontar como principal concorrente de Dilma.

Isso porque a ex-senadora tem enfrentado problemas para registrar seu partido junto à Justiça Eleitoral e porque, na avaliação dos aliados de Aécio, se beneficia do chamado efeito "recall": é muito mais conhecida que o adversário por ter disputado a Presidência em 2010, quando conquistou 20 milhões de votos.

"Quem tem experiência em campanha acha até ridículo esse tipo de análise conclusiva, de subiu, desceu", disse à Reuters o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), presidente do diretório mineiro do partido.

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"O quadro só se esboça, as pessoas só acordam que têm que tomar uma decisão, que o futuro está nas mãos dela, quando entra o horário de TV e rádio", acrescentou.

SERRA "JÁ TEVE SEU MOMENTO"

Um fator que pode atrapalhar as pretensões de Aécio é a volta ao cenário de Serra, que tem flertado com a possibilidade de deixar o PSDB para ser candidato a presidente pelo PPS.

"O Serra já foi nosso candidato presidencial duas vezes", lembrou Pestana. "Ele já teve seu momento, suas oportunidades e eu tenho certeza que ele vai ter um papel importante e que estaremos unidos. Ele é a cara do PSDB... Ele não tem nenhum motivo para sair do partido", acrescentou o parlamentar.

Para o cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Carlos Melo, uma eventual candidatura de Serra fora do PSDB enfraqueceria as pretensões de Aécio e tornaria difícil para o senador mineiro arregimentar aliados.

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"Se o Serra é candidato, PPS, PV, PSD, ele arrasta", disse. "Vai sobrar o que para o Aécio? O DEM hoje é muito pequeno", avaliou o analista, para quem Aécio "foi de uma timidez muito grande" no período em que Dilma perdia popularidade.

Somam-se a esses problemas as denúncias de irregularidades em obras do metrô de São Paulo, que envolveriam a formação de cartéis por empresas num Estado governado pelo PSDB desde 1995 e estão sendo investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

No ninho tucano, o escândalo do cartel do metrô é visto como um "problema" para o partido, mas não para Aécio especificamente.

Ainda assim, e embora nenhum cacique tucano tenha sido acusado de irregularidades até o momento, Melo avalia que o episódio deve atrapalhar o PSDB o discurso da ética contra o PT na eleição do ano que vem.

"No mínimo, a questão (do metrô) vai servir como antídoto do PT com relação ao discurso moral tucano", disse Melo, que alerta que uma demora de Aécio para ganhar força como candidato pode acabar por limitar suas chances no ano que vem.

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