Dilma e Obama chegam sozinhos e atrasados a jantar oficial do G20

5 set 2013 - 15h55
(atualizado às 16h14)
Em meio a tensão por espionagem, presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama sentam lado a lado em reunião do G20 na Rússia
Em meio a tensão por espionagem, presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama sentam lado a lado em reunião do G20 na Rússia
Foto: Pablo Martinez Monsivais/Pool / Reuters

A presidente Dilma Rousseff e o americano, Barack Obama, e chegaram sozinhos nesta quinta-feira ao jantar oficial do G20, em São Petersburgo, na Rússia, e muito atrasados em comparação com os demais chefes de Estado e de governo. Obama caminhava sozinho por volta das 17h50 (14h50 de Brasília), cerca de meia-hora após o restante dos convidados, pela avenida que leva ao palácio de Peterhof. Pouco antes, era a vez de Dilma passar pelo local, também atrasada em comparação com os demais.

As relações entre Brasil e Estados Unidos foram afetadas pelas recentes revelações da imprensa, segundo as quais a presidente brasileira foi alvo de espionagem. Brasília pediu a Washington uma explicação formal por escrito dessas denúncias.

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O porta-voz da delegação brasileira no G20 não confirmou à AFP se esse atraso se deveu a uma reunião bilateral entre os dois presidentes. A brasileira adiou a viagem que uma comitiva deveria fazer neste sábado aos EUA para preparar sua visita de Estado a Washington, no dia 23 de outubro, confirmou à AFP um porta-voz da chancelaria.

Por volta das 17h20 (14h20 de Brasília), a maioria dos convidados para o jantar concedido pelo presidente russo, Vladimir Putin, já estava no imponente edifício, ricamente iluminado para a ocasião. Nas imagens da televisão foi possível ver, por exemplo, a presidente argentina, Cristina Kirchner, conversando com o anfitrião, ou o presidente francês, François Hollande, conversando com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com a chanceler alemã, Angela Merkel.

A crise da Síria, que provocou divisões entre os EUA e a Rússia, toma conta deste G20, deixando em segundo plano a agenda oficial deste encontro dos principais países desenvolvidos e emergentes. Putin anunciou que o tema seria abordado durante o jantar.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

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Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

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Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

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