CPI do Cachoeira adia votação do relatório final para semana que vem

4 dez 2012 - 22h04
(atualizado às 22h07)

Prevista para esta quarta-feira, a votação do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira foi adiada para o dia 11, terça-feira que vem. De acordo com comunicado divulgado pela CPI, o adiamento se dá a pedido das lideranças partidárias no Senado. As informações são da Agência Senado.

CPIs: as investigações que fizeram história

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Conheça o império do jogo do bicho no País

No mesmo dia, as atenções no Senado devem estar voltadas para os esclarecimentos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, sobre a operação Porto Seguro, da Polícia Federal, em que foram presos integrantes do governo.

Até o fim da tarde desta terça-feira, o conteúdo do relatório, lido na última semana na comissão, ainda não era certo. Havia a expectativa de que parlamentares independentes poderiam se reunir com o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), para negociar mudanças no texto e garantir a aprovação do relatório. Entre as principais queixas do grupo estão o fato de o texto não incluir informações sobre empresas que receberam dinheiro da empreiteira Delta e não tiveram o sigilo quebrado pela CPI.

A reunião não foi confirmada pelas assessorias do relator e dos senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Pedro Taques (PDT-MT). Na liderança do PPS na Câmara, também não há confirmação sobre a participação do deputado Rubens Bueno (PR) em reunião para tratar do relatório.

Durante a leitura do relatório, na semana passada, Odair Cunha afirmou que as sugestões de mudanças poderiam ser enviadas pelos parlamentares até o dia da leitura, mas destacou que tem prerrogativa para aceitá-las ou não. "As propostas devem ser aceitas por mim ou não. Neste caso, quem não concordar com o relatório deve votar contra", acrescentou.

Além das críticas dos independentes, também há queixas da oposição. Integrantes do PSDB não concordam com a recomendação do relator pelo indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Eles dizem considerar o relatório um instrumento de ataque político.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Em 21 de novembro, após 265 dias preso, Carlinhos Cachoeira, deixou a penitenciária da Papuda, em Brasília. No mesmo dia, o contraventor foi condenado pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal a uma pena de 5 anos de prisão por tráfico de influência e formação de quadrilha. Como a sentença é inferior a 8 anos, a juíza Ana Claudia Barreto decidiu soltar Cachoeira, que cumprirá a pena em regime semiaberto.

No dia seguinte, o Ministério Público Federal (MPF) de Goiás pediu nova prisão do bicheiro, com base em uma segunda denúncia contra ele e outras 16 pessoas, todos suspeitos de participar de uma intensificação de ações criminosas em Brasília. A Justiça ainda avalia o pedido.

Carlinhos Cachoeira deixou o hospital ao lado da companheira, Andressa Mendonça
Carlinhos Cachoeira deixou o hospital ao lado da companheira, Andressa Mendonça
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra
Fonte: Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações