A bancada do PSOL na Câmara Municipal de Porto Alegre decidiu se abster na votação do processo de cassação do vereador Gilvani, o Gringo. Em nota pública divulgada nesta segunda-feira (22), o partido afirmou que a posição foi tomada em defesa do devido processo legal e para não servir, segundo a legenda, a manobras políticas do governo do prefeito Sebastião Melo.
De acordo com o PSOL, o processo de cassação foi conduzido de forma acelerada, sem tempo adequado para análise aprofundada das acusações. A bancada critica especialmente a tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que concedeu apenas uma hora para a leitura e avaliação do parecer da Comissão de Ética. Para o partido, uma decisão dessa gravidade exige provas robustas e maior debate político e social.
A nota também sustenta que a cassação teria sido motivada por um acerto de contas interno da base governista. Segundo o PSOL, Gringo teria se tornado alvo após denunciar supostos esquemas de corrupção no Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), denúncias que resultaram na prisão do então chefe de licitações do órgão. Para a bancada, a medida representa um risco de precedente autoritário, ao permitir que maiorias circunstanciais utilizem a cassação como instrumento de perseguição política contra parlamentares dissidentes.
O partido também esclareceu divergências internas, informando que a decisão pela abstenção foi tomada pela maioria da bancada, composta por Atena Roveda, Grazi Oliveira, Pedro Ruas e Roberto Robaina. O PSOL reafirmou, por fim, seu compromisso no combate à corrupção e disse que continuará atuando como oposição ao governo municipal, rejeitando a narrativa de que teria protegido irregularidades.