Após silêncio na PF, coronel do Exército suspeito de elaborar minuta golpista pede novo depoimento

Ronald Ferreira de Araújo Júnior, que foi um dos alvos da operação realizada pela PF, teria sob posse documentos complementares ao decreto

13 mar 2024 - 17h30
(atualizado às 18h31)
Polícia Federal batizou a operação de 'Eco', em referência à mitologia grega, especificamente a uma jovem que falava demais
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Foto: Divulgação/Agência Brasil / Estadão

O tenente-coronel do Exército Ronald Ferreira de Araújo Júnior solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a marcação de um novo depoimento após permanecer em silêncio durante seu interrogatório na Polícia Federal (PF). Ele está sendo investigado por suposta participação em uma organização criminosa e, segundo o inquérito, teria colaborado na elaboração de um documento que serviria de base para um decreto de golpe de Estado. As informações são do jornal O Globo

Araújo Júnior, que trabalha no Centro de Comunicação do Exército Brasileiro, foi um dos alvos da operação realizada pela PF há aproximadamente um mês. A ação atingiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e ex-assessores, todos investigados por suposta tentativa de golpe de Estado, com objetivo de anular as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.

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“A defesa compreende que, após informes pela imprensa de que investigados teriam feito novos relatos, seria importante, mesmo com parcial conhecimento da acusação que há contra ele, esclarecer questionamentos de sua relação com Mauro Cid e os demais investigados, evitando especulações sobre sua participação, negada veemente em qualquer planejamento, ideia ou sugestão a abolição ao estado democrático de Direito”, informaram, em nota, os advogados João Carlos Dalmagro e Lissandro Sampaio.


De acordo com o inquérito, Araújo Júnior teria recebido de Cid, em 27 de novembro de 2022, um arquivo em PDF contendo os seguintes títulos: "Levantamento de ações do TSE contra o candidato Jair Bolsonaro" e "Levantamento de ações no STF contra o governo federal". O segundo documento lista uma série de decisões dos ministros da Corte contrárias ao ex-presidente.

As investigações indicam que esse arquivo seria complementar à "minuta de decretação do estado de exceção, visando reverter a ordem jurídica do país".  Na avaliação de investigadores, Cid considerava como uma compilação de "práticas de atos ilegais por parte dos tribunais superiores, desvirtuando a ordem constitucional",

“Ressaltamos que a sua vida é iniciada na escola militar desde sua adolescência, é um militar brasileiro por vocação e convicção e que nunca esteve a serviço de um governo, jamais tomou lado por política ou pessoas. Serve ao exército Brasileiro e ao Brasil, sem jamais questionar eleições, candidatos ou decisões políticas e sem colaborar de qualquer forma para reformar poderes estabelecidos na constituição federal”, afirma a defesa de Araújo Júnior.


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Marcelo Costa Câmara também pediu um novo depoimento depois de optar pelo silêncio ao ser intimado. Ele está sob suspeita de envolvimento em uma organização criminosa ligada à tentativa de golpe de Estado.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, Câmara teria feito parte de um núcleo, que incluía o general Augusto Heleno e Mauro Cid, responsável por monitorar a agenda e o deslocamento do ministro do STF Alexandre de Moraes. O objetivo seria garantir a captura e detenção do magistrado após a assinatura de um suposto decreto de golpe de Estado por membros do governo Bolsonaro.

Fonte: Redação Terra
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