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Após denúncias, ministro da Agricultura entrega cargo a Dilma

17 ago 2011 - 19h19
(atualizado às 21h50)

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), entregou nesta quarta-feira seu cargo à presidente Dilma Rousseff. Por meio de nota, ele afirmou que todas as denúncias relativas a sua atuação são falsas, mas que mesmo assim "a campanha insidiosa não parava". Segundo Rossi, as acusações tinham objetivos políticos, como a destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente, Michel Temer.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

"Durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova", disse ele, em nota. "Respondi a cada acusação. Com documentos comprobatórios que a imprensa solenemente ignorou. Mesmo rebatida cabalmente, cada acusação era repetida nas notícias dos dias seguintes como se fossem verdades comprovadas", disse Rossi.

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"Usaram para me acusar, sem qualquer prova, pessoas a quem tive de afastar de suas funções por atos irregulares ou insinuações de que tinham atuado", disse ele. "Finalmente começam a atacar inocentes, sejam amigos meus, sejam familiares. Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente". No entanto, conforme o comunicado, hoje sua família o orientou a deixar a "luta estoica, mas inglória".

Denúncias

De acordo com reportagem da revista Veja, o ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto acusou a entidade subordinada ao Ministério da Agricultura de dilapidar o patrimônio público por meio de operações imobiliárias fraudulentas com o objetivo, entre outros, de repassar aos padrinhos políticos dos diretores terrenos a preços abaixo do valor de mercado. Conforme o denunciante, empresas de amigos e financiadores de campanha eram os favorecidos, e o caso teria aval do ministro Wagner Rossi. "Ali só tem bandido", disse Jucá Neto, de acordo com a revista.

Ainda segundo a Veja, Rossi teria envolvimento com o lobista Júlio Cesar Fróes, que operaria dentro do ministério. Conforme a publicação, Fróes prepararia editais, analisaria processos de licitação e cuidaria dos interesses de empresas que concorrem a verbas.

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Além de Rossi, outro que pediu demissão por conta das denúncias, o secretário-executivo Milton Ortolan, número dois na hierarquia da pasta. De acordo com a Veja, ele também teria ligações com Froés, o que Ortolan negou. Para seu lugar, foi escolhido José Gerardo Fontelles, que ocupava o cargo de assessor especial do ministro Wagner Rossi e já havia já estado na função - entre maio de 2009 e março de 2011.

Rossi foi alvo ainda de denúncias do jornal Correio Braziliense de que funcionários do aeroporto relataram que Rossi e um de seus filhos, o deputado estadual Baleia Rossi, sempre são vistos embarcando em uma aeronave da empresa Ourofino Agronegócios, avaliada em US$ 7 milhões. No comunicado, o ministro negou favorecimento à empresa, que tem um assessor especial de Rossi como um dos sócios, segundo o jornal. Contudo, Rossi afirmou que pegou carona em "raras ocasiões" no jatinho da empresa.

A Polícia Federal afirmou que, há dois dias, um inquérito sobre suspeitas de desvios de recursos públicos no ministério foi instaurado. Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação no ministério e funcionário que denunciou a distribuição de propinas por um lobista, afirmou que a pasta foi corrompida após a chegada de Rossi, que "desarranjou" o setor com nomeações de pessoas que "vão assinar o que não devem". A PF não deu detalhes, mas confirmou que, em depoimento na segunda-feira, ele afirmou ter recebido dinheiro de Fróes após a assinatura de um contrato milionário do ministério com uma empresa que ele representava.

A Comissão de Ética da Presidência da República vai analisar a denúncia de que Rossi usou o jatinho da empresa que presta serviços ao governo para fins particulares. O artigo 7º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe autoridades de receber transporte e hospedagem ou qualquer favor de particulares que provoque dúvidas ou ponha em risco a conduta do administrador público.

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Fonte: Terra
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