Apenas 51% dos municípios brasileiros possuem estrutura para políticas de segurança alimentar, com variações regionais e iniciativas como distribuição de cestas básicas predominando entre as ações adotadas.
Dos 5.570 municípios brasileiros, pouco mais da metade possui alguma estrutura organizacional para tratar de políticas de segurança alimentar, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira, 7.
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A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2024: Suplemento de Segurança Alimentar, feita nos 5.570 cidades do País, apontou que 2.826 deles, ou seja, 51,0%, contam com algum tipo de sistema ligado à secretaria municipal, subordinado ao Estado ou à União para cuidar dessa temática.
Não há uma alteração significativa se comparada à de 2023, quando era 2.799 (50,3%). No entanto, o crescimento é relevante se comparado à de 2018, quando o número de municípios era de 2.041 (36,64%).
Crescimento das Estruturas de Segurança Alimentar no Brasil
Total de municípios: 5.570
“Entre as políticas compartilhadas, diferentes dos Estados, a mais frequente era a de assistência social, seguida pela educação, agricultura, desenvolvimento rural e saúde”, explica Vania Pacheco, gerente de Estudos e Pesquisas Sociais do IBGE.
Deste total, 2,3% tinham uma secretaria municipal exclusiva; 7% uma pasta em conjunto com outra política; 87,0% um setor subordinado a outra secretaria; 3,5% setor subordinado diretamente à chefia do Executivo; e 0,2% ligado à administração indireta.
Já quando se olha por região, a que apresenta maior proporção de municípios com estrutura para tratar do tema em 2024 era a Região Nordeste, 64,8%, seguida pelo Norte, com 57,9%; Sul, com 49,3%; Sudeste, representando 42,2%, e Centro-Oeste, 27,3%.
“Por classe de tamanho da população, esse comportamento vai ser frequente na política de segurança alimentar: quanto maior a classe de tamanho da população, maior a proporção dos municípios que, nesse caso, tinham estrutura organizacional para tratar disso”, aponta.
Ou seja, municípios com até 5 mil habitantes correspondem a 39,6%, enquanto os que têm mais de 500 mil somam 91,7% daqueles que possuem estrutura organizacional para tratar de políticas públicas de combate à insegurança alimentar e nutricional.
Estrutura de Segurança Alimentar (2024): Comparativo
Questionada se é possível dizer que houve uma melhora significativa quanto a estrutura e políticas públicas, Vania aponta que é possível perceber, mesmo as ações mais presentes nos municípios e os equipamentos, ainda que de uma forma modesta.
“Isso significa que a segurança alimentar e nutricional está sendo vista por esses gestores como uma política que importa sim, que deve ser gerida com muito cuidado e uma política importante a ponto de você ter estruturas organizacionais para tratar dela”, afirma.
Ações de combate
Entre as ações propostas para melhorar essa questão, estão a viabilização do acesso da população a alimentos sustentáveis, nutritivos e produzidos em quantidade suficiente, com oferta de alimentos in natura, de refeições prontas, de ticket ou vale-alimentação, distribuição de cestas básicas, entre outras modalidades. Para isso, são necessários desenvolver programas e projetos associados a outros mecanismos públicos.
Em 2023, 71,9% dos municípios brasileiros desenvolveram ações de promoção do acesso da população a alimentos, sendo a distribuição de cestas básicas a que teve maior adesão no Brasil, correspondente a 94,6%. A região Centro-Oeste foi a que mais ofertou essa modalidade, o que corresponde a 94,3%. O ticket ou vale-alimentação foi o menos usado, com 6,2% (249), sendo a região Norte com a menor porcentagem, 2,6%.
Distribuição da Estrutura de Segurança Alimentar por Área de Política (2024)
Contagem absoluta de municípios que citaram cada área como principal locus da política.