Aécio Neves diz que Dilma privilegiou marketing ao cancelar ida aos EUA

17 set 2013 - 21h25
(atualizado às 23h29)

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), qualificou como uma "jogada de marketing" a decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar a visita de Estado que faria aos Estados Unidos em outubro pela suposta espionagem americana da qual foi vítima.

"Era a oportunidade de a presidente ter uma agenda afirmativa em defesa dos interesses do País. Ela opta, mais uma vez por privilegiar o marketing", criticou Aécio, candidato mais provável do PSDB às eleições de outubro do ano que vem, nas quais Dilma deverá tentar um novo mandato de quatro anos.

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"Todos nós já demonstramos a nossa indignação em relação à espionagem. Ela é inadmissível. Mas seria muito mais adequado que a presidente dissesse isso objetiva e claramente ao presidente americano e aproveitasse esta viagem não apenas para enfrentar esta questão, mas para defender os interesses da economia e até mesmo de determinadas empresas brasileiras", acrescentou.

Dilma anunciou hoje sua decisão de adiar a visita a Washington prevista para o dia 23 de outubro em resposta às denúncias que foi vítima da espionagem da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês).

A decisão foi anunciada em uma nota oficial que explica que foi tomada de comum acordo com o presidente dos EUA, Barack Obama, e que diz claramente que se deveu à espionagem sobre Dilma, empresas e cidadãos brasileiros.

No entanto, na opinião de Aécio, "a decisão foi tomada não em reunião com o ministro das Relações Exteriores - ele me parece ter sido comunicado -, mas em reunião com aqueles que formulam a estratégia eleitoral da presidente".

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Outros líderes opositores repetiram o mesmo discurso. "Apoiamos uma reação forte de repúdio à espionagem, mas no contexto em que foi tomada a decisão ficou claro que houve um conflito entre diplomacia e interesses eleitorais. O que se quer é mobilizar os sentimentos de patriotismo no Brasil para fins eleitorais", afirmou o senador Aloysio Nunes, também do PSDB.

Para o senador Agripino Maia, líder do DEM, apesar de o Brasil necessitar dar uma resposta contra a espionagem que vulnera sua soberania, o que se nota é que a decisão teve claros motivos eleitoreiros. "A presidente quer tirar proveito desse episódio faltando um ano das eleições", comentou por sua vez o senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

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Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

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Monitoramento

Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

  
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