Réu pega 14 anos de prisão por matar rapper Sabotage

13 jul 2010 - 18h07
(atualizado em 14/7/2010 às 00h09)
Thais Sabino
Direto de São Paulo

Após mais de 14 horas o júri formado por três mulheres e quatro homens decidiu pela condenação do réu Sirlei Menezes da Silva pela morte do rapper Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, em 24 de janeiro de 2003. Silva foi sentenciado a 14 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. As duas qualificadoras propostas pelo Ministério Público, motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, foram reconhecidas pelos jurados. O julgamento aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.

Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo
Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo
Foto: Julio Kohl / Divulgação

O defensor público Marcelo Carneiro Novaes afirmou, momentos após a leitura da sentença, que irá apresentar recurso pedindo a anulação do júri "o mais breve possível". Ele disse respeitar a decisão dos jurados, mas que discorda da produção de provas e de como foi conduzido o julgamento, já que os nomes das testemunhas só foram apresentados ao réu na segunda-feira.

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Julgamento

O julgamento do acusado de matar o rapper Sabotage começou na segunda-feira, às 15h, e terminou nesta terça-feira, às 18h. Durante estes dois dias, cinco testemunhas foram ouvidas, três de defesa, uma de acusação e uma compartilhada. Nos depoimentos foi alegado que Sirlei Menezes da Silva é um temido traficante de uma comunidade na zona sul de São Paulo e que ele teria feito uma festa para comemorar a morte do Sabotage.

O réu também depôs na tarde de segunda-feira e negou a autoria do crime. Ele disse que estava indo visitar a sua mãe no hospital no dia da morte do cantor e que só confessou na delegacia pois foi torturado por policiais.

Durante a sessão, o promotor Carlos Roberto Talarico usou dos depoimentos das testemunhas que acusaram Sirlei de fazer parte do tráfico para mostrar a culpa do réu. Talarico questionou álibi de Sirlei, já que no hospital não há registro de visitas e, portanto, não haveria como provar que ele estava lá. A tese do promotor se baseou na suposição de que Sirlei era um traficante e matou Sabotage por vingança.

Já o defensor público Marcelo Carneiro Novaes questionou a falta de perícia no revólver calibre 38 encontrado na casa do réu e apontado como a arma do crime. Novaes ressaltou a distância entre Suzano, cidade ao leste de São Paulo, onde Sirlei morava, e a região onde ocorreu o crime, na zona sul da capital.

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O defensor afirmou também que o processo era uma "maracutaia", pois não possui qualquer prova objetiva que incrimine o réu. As duas partes fizeram uso do direito à réplica e tréplica.

O caso

Sabotage foi morto no dia 24 de janeiro de 2003, no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo. Após deixar a mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, no trabalho, Sabotage iria ao aeroporto de Congonhas onde embarcaria para Porto Alegre. No caminho, ele levou quatro tiros: dois na coluna, um na mandíbula e um próximo ao ouvido. Ele foi levado ao Hospital São Paulo por volta das 6h da manhã e morreu horas depois.

O músico, aos 29 anos, estava no auge de sua carreira. Com duas passagens pela polícia, por tráfico e porte de drogas, Sabotage largou o crime quando começou no rap. Ele lançou o CD O Rap é Compromisso, em 2001, e participou dos filmes O Invasor e Estação Carandiru.

Fonte: Especial para Terra
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