Réu nega morte de Sabotage, alega torturas e culpa PCC

12 jul 2010 - 22h34
(atualizado em 13/7/2010 às 10h00)
Hermano Freitas
Direto de São Paulo

No primeiro dia de seu julgamento, nesta segunda-feira, o suposto traficante Sirlei Menezes da Silva alegou inocência da acusação de ter matado o rapper Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage. Ao ser ouvido pela juíza Fabíola Oliveira Silva, ele relatou ter sido torturado por policiais civis durante a investigação. "Passei um dia inteiro apanhando, das 8h da manhã às 10h da noite", afirmou.

Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo
Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo
Foto: Julio Kohl / Divulgação

Sirlei negou, inclusive, ser o chefe do tráfico de drogas na Favela da Paz, onde a vítima morou e atribuiu a acusação da morte do rapper a membros do PCC, facção criminosa que atua nos presídios brasileiros. O julgamento foi suspenso após mais de sete horas no Fórum Criminal da Barra Funda e deve ser retomado às 9h30 dessa terça-feira.

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Os trabalhos desta segunda-feira começaram por volta das 15h. Foram ouvidas cinco testemunhas, sendo três de acusação (duas delas secretas), uma compartilhada e uma de defesa. Todas as testemunhas de acusação relataram que Sirlei é um temido traficante da comunidade localizada na zona sul de São Paulo e que teria feito uma festa com rojões para comemorar a morte do rapper. O assassinato teria sido cometido por vingança em função de uma morte gerada por conflitos relativos a pontos de vendas de drogas.

A linha da defesa é colocar Sirlei como um trabalhador sobre o qual foi "plantada" a acusação do crime. No prosseguimento de seu interrogatório, Sirlei afirmou ter sido pressionado por um delegado de polícia a inventar "alguma história" para se ver livre da acusação da morte do rapper. Ele disse ter ido à delegacia apenas três vezes em sua vida, antes de ter sido preso.

Questionado pelo promotor público Carlos Roberto Talarico se teria feito exame de corpo de delito após as sessões de tortura, Sirlei justificou os laudos negativos dizendo que chegava a ficar três horas colocando uma sacola com gelo sobre as regiões espancadas. Ainda de acordo com o réu, na época do crime sua mãe estava em estado terminal de câncer e ele estaria no hospital na véspera e iria voltar para o hospital mediante transporte público no dia do assassinato do rapper.

Ele disse, ainda, ter sugerido que os policiais procurassem as filmagens do circuito de segurança do Metrô para comprovar que ele esteve nas estações Brás e Bresser no dia 24 de janeiro de 2003, data da morte de Sabotage. Atualmente Sirlei não tem advogado contratado e é representado pelo defensor público Marcelo Carneiro Novaes. Até o momento da pronúncia, no entanto, ele teve advogados contratados.

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O caso

Sabotage foi morto no dia 24 de janeiro de 2003, no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo. Após deixar a mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, no trabalho, Sabotage iria ao aeroporto de Congonhas onde embarcaria para Porto Alegre. No caminho, ele levou quatro tiros: dois na coluna, um na mandíbula e um próximo ao ouvido. Ele foi levado ao Hospital São Paulo por volta das 6h da manhã e morreu horas depois.

O músico, aos 29 anos, estava no auge de sua carreira. Com duas passagens pela polícia, por tráfico e porte de drogas, Sabotage largou o crime quando começou no rap. Ele lançou o CD O Rap é Compromisso, em 2001, e participou dos filmes O Invasor e Estação Carandiru.

Fonte: Redação Terra
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