A Polícia Civil do RS investiga a ex-secretária de Canoas, suspeita de autorizar abates excessivos de cães para reduzir custos; documentos e registros foram apreendidos, enquanto ela nega as acusações.
A Polícia Civil cumpriu seis mandados de busca e apreensão, nesta quinta-feira, 4, em Canoas (RS), região metropolitana de Porto Alegre, em uma operação que investiga um suposto esquema de abate irregular de cães. A ex-secretária de Bem-Estar Animal da cidade é suspeita de autorizar a eutanásia nos animais, segundo as autoridades.
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O caso começou a ser investigado após diversas denúncias de integrantes da Rede de Proteção Ambiental e Animal que atua em casos de maus-tratos. Os números de eutanásias no canil da secretaria, segundo os relatos, ultrapassavam em muito o padrão considerado aceitável.
“Segundo os denunciantes, ocorria ali uma matança desmedida de cães, com a anuência da então secretária”, afirmou a delegada responsável pelo caso, Luciane Bertolletti. Ao menos 239 abates foram realizados de janeiro a agosto.
Os denunciantes afirmaram que toda semana uma caminhonete retirava os corpos dos cães mortos, levando-os para descarte sem registro ou documentação oficial. O destino de alguns dos casos sequer foi registrado em um sistema de controle.
A Polícia ainda informou que recebeu um dossiê com fotos e descrições de animais que desapareceram sem explicação, sendo que alguns deles haviam sido recolhidos da rua ou entregue por pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Ainda segundo as autoridades, a suspeita é de que as autorizações em larga escala supostamente eram realizadas para reduzir custos da secretaria. A ex-secretária se trata de Paula Lopes. De acordo com a Polícia, ela foi exonerada do cargo em 18 de agosto.
Durante a ação, foram apreendidos documentos, quantias em espécie, registros de entrada e saída de animais, além de informações sobre microchips implantados. Os animais ainda abrigados na sede da secretaria foram catalogados individualmente, para mapear quantos e quais animais efetivamente passaram pelo órgão nos últimos meses.
Agora, a polícia deve analisar o material apreendido e cruzar com os relatos de servidores e os registros de microchipagem, buscando comprovar o número real de eutanásias realizadas e se houve fraude em laudos veterinários.
Em um vídeo nas redes sociais, Paula negou que tenha cometido qualquer crime, afirmou que a Polícia Civil fez busca e apreensão em sua casa, levando seu celular.
“Isso é só mais um reflexo do que a política faz. Infelizmente, desde quando eu fui para Canoas, em janeiro, nas primeiras semanas, eu já tive que ir ao Ministério Público por denúncias. [...] Da minha parte, eu estou muito tranquila. Vamos esperar desenrolar. Mais uma vez, vai cair por terra as acusações infundadas. Não adianta a gente se desesperar. O meu único objetivo vai ser sempre ajudar os animais. E isso só incomoda quem usa essa pauta, essa causa”, declarou.
O Terra solicitou um posicionamento da Prefeitura de Canoas, mas não teve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.