Viúvo de vítima fatal em queda de balão em SP pede justiça, enquanto investigações apontam irregularidades na empresa responsável, que já acumulava outro acidente anterior.
O viúvo de Juliana Alves Prado Pereira, a psicóloga de 27 anos que morreu na queda de um balão em Capela do Alto (SP), pediu por justiça durante entrevista ao Fantástico deste domingo, 22. Além da morte de Juliana, outras 11 pessoas ficaram feridas no acidente. De acordo com a Polícia Civil, a empresa responsável pelo voo só tinha autorização para voos privados, e não comerciais.
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"Se no Brasil existir ainda um pouco de justiça, que ela seja feita”, disse Leandro de Aquino Pereira. "Ela foi o meu passado. Ela era o meu presente e o meu futuro estava com ela. E o que me dói muito é que nós ainda tínhamos muito ainda, sabe? Eu ainda queria fazer muito mais", lamentou o viúvo.
O casal pretendia fazer um passeio romântico de Dia dos Namorados quando o balão com 33 passageiros sofreu a queda. Juliana, natural de Pouso Alegre (MG), compartilhava a experiência com outros familiares além de seu esposo no momento do acidente. O destino turístico, famoso por seus voos de balão, é muitas vezes chamado de "Capadócia brasileira".
A decolagem ocorreu na madrugada de domingo, 15, às 6h45, conduzida pela empresa Aventurar através do comandante Fábio Salvador Pereira. Testemunhas relataram ventania antes da partida, mas receberam garantias do piloto sobre as condições de segurança.
Celebração interrompida
Durante o trajeto, Gabrielle Rosa viveu um momento especial ao receber um pedido de casamento. Os passageiros, incluindo Juliana -- registrada sorridente em imagens --, festejavam a ocasião. A euforia, porém, durou pouco. Por volta das 7h, o balão ganhou muita velocidade, levando o piloto a instruir todos a dobrar os joelhos, indicando uma aterrissagem inesperada.
"O menino que estava com ele estava muito nervoso. Ele estava branco assim, com os olhos arregalados. E foi momento de caos ali em cima", descreveu Gabrielle.
O impacto contra o solo foi violento, com a estrutura saltando entre pomares e derrubando árvores. Juliana, vítima de múltiplas fraturas, faleceu após ser hospitalizada.
O comandante, levemente ferido, foi detido por homicídio culposo, alegando ter sido surpreendido com rajadas de vento. A investigação também mira o proprietário da Aventurar, Miguel Antônio Burder Leiva, que se recusou a depor citando questões de saúde. Conforme o delegado Luiz Henrique Soubhia Nunes, a autorização da empresa limitava-se a voos particulares.
"Pelas informações que nós temos nos autos, essa empresa está permitida apenas a realização de voos privados e não de voos comerciais. Não me parece que este voo fretado, com 33 pessoas dentro do cesto, estivesse dentro das atribuições de voo privado", enfatizou o delegado.
Empresa já tinha outro acidente
A companhia já havia registrado outro acidente em 2022, quando um balão de Leiva caiu em Porto Feliz (SP), ferindo nove pessoas -- processo ainda em andamento. Apesar do fechamento da sede pela prefeitura de Boituva após o recente acidente, mensagens revelam que a Aventurar mantinha ofertas de passeios.
A ANAC classificou os voos de balão como atividades aerodesportivas de alto risco, realizadas sob responsabilidade dos participantes. Em resposta à tragédia, Boituva implementou novas regras, exigindo comunicação prévia de voos com quatro horas de antecedência.