O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ajuda para resolver a crise que envolve a distribuidora de energia elétrica Enel. O prefeito fez o pedido durante a cerimônia de lançamento do SBT News, em Osasco (SP), nesta sexta-feira, 12, onde autoridades convidadas foram chamadas para discursar.
Na quarta-feira, 10, um vendaval recorde atingiu a Grande São Paulo e chegou a deixar 2,2 milhões de imóveis sem luz. Mais de dois dias após o início do blecaute, ainda há 686 mil imóveis sem energia na região. O problema também afetou o abastecimento de água.
A Enel tem sido criticada pela demora na resposta ao apagão. A empresa, por sua vez, diz cumprir suas obrigações e afirma ter acionado 1,6 mil equipes nas ruas - Nunes contesta os números. Imagens de TV mostraram vários carros da Enel parados no pátio no auge do blecaute.
"Espero que na segunda-feira, na estreia (da nova emissora), presidente, a gente não tenha ainda a cidade de São Paulo com a Enel. O senhor precisa nos ajudar nisso. Não está fácil", disse Nunes. Lula reagiu na plateia somente com um sorriso.
O prefeito e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm defendido uma intervenção federal na Enel diante dos problemas na oferta do serviço. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, não sinalizou intenção de adotar a medida e disse que prefeito e governador fazem "disputa política" (leia mais abaixo).
Nunes discursou logo após o ex-ministro e ex-deputado federal Fábio Faria, que está na liderança do novo canal SBT News. Além dele e de Lula, participam da cerimônia Tarcísio, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Frederico Siqueira Filho (Comunicações) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social).
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também está presente. É a primeira aparição pública do ministro desde que o governo dos Estados Unidos retirou as sanções da Lei Magnitsky contra ele e a esposa, Viviane Barci de Moraes, nesta sexta.
Área técnica do TCU recomendou intervenção
Na quinta, Tarcísio a intervenção do governo federal na Enel. Ele afirmou que a medida é necessária para resolver o problema.
"A intervenção funciona; o plano de contingência não", disse o governador. Tarcísio classificou como "absolutamente insuficiente" o desempenho da empresa para restabelecer o fornecimento de energia.
Em nota, o ministro Alexandre Silveira reagiu. "Enquanto o governador de São Paulo e o prefeito da capital do Estado preferem transformar um episódio climático extremo em disputa política, o governo do Brasil mantém o foco naquilo que realmente importa: restabelecer a energia elétrica para a população com rapidez e segurança", disse Silveira.
Nove dias antes do blecaute na Grande São Paulo, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalie a possibilidade de intervenção federal na Enel.
A auditoria destacou que a concessionária não teria cumprido sete dos onze Planos de Resultados firmados. Também disse que penalizações não têm sido eficazes, diante da judicialização das multas aplicadas pela agência (de mais de R$ 260 milhões).
A indicação da Unidade de Auditoria Especializada em Energia Elétrica e Nuclear (AudElétrica) do TCU foi remetida ao ministro Augusto Nardes em 1º de dezembro. Ao Estadão, o tribunal informa que a recomendação ainda não foi apreciada em plenário, o que não tem data marcada.
O vendaval registrado em São Paulo foi o maior da história. Os ventos chegaram a 98 km por hora na Lapa, zona oeste da cidade. Na região do Aeroporto de Congonhas, na zona sul, a velocidade dos ventos alcançou 96 km por hora.
No total, mais de 300 voos foram cancelados em Congonhas e no Aeroporto Internacional de Guarulhos.