Nunes cobra Lula sobre crise da Enel durante evento em SP: 'O senhor precisa nos ajudar nisso'

Prefeito e governador têm cobrado intervenção federal na concessionária após blecaute; ministro disse que eles fazem 'disputa política'

12 dez 2025 - 19h45

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ajuda para resolver a crise que envolve a distribuidora de energia elétrica Enel. O prefeito fez o pedido durante a cerimônia de lançamento do SBT News, em Osasco (SP), nesta sexta-feira, 12, onde autoridades convidadas foram chamadas para discursar.

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Na quarta-feira, 10, um vendaval recorde atingiu a Grande São Paulo e chegou a deixar 2,2 milhões de imóveis sem luz. Mais de dois dias após o início do blecaute, ainda há 686 mil imóveis sem energia na região. O problema também afetou o abastecimento de água.

A Enel tem sido criticada pela demora na resposta ao apagão. A empresa, por sua vez, diz cumprir suas obrigações e afirma ter acionado 1,6 mil equipes nas ruas - Nunes contesta os números. Imagens de TV mostraram vários carros da Enel parados no pátio no auge do blecaute.

Rajadas fortes de vento resultaram na queda de centenas de árvores na Grande São Paulo
Rajadas fortes de vento resultaram na queda de centenas de árvores na Grande São Paulo
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

"Espero que na segunda-feira, na estreia (da nova emissora), presidente, a gente não tenha ainda a cidade de São Paulo com a Enel. O senhor precisa nos ajudar nisso. Não está fácil", disse Nunes. Lula reagiu na plateia somente com um sorriso.

O prefeito e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm defendido uma intervenção federal na Enel diante dos problemas na oferta do serviço. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, não sinalizou intenção de adotar a medida e disse que prefeito e governador fazem "disputa política" (leia mais abaixo).

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Nunes discursou logo após o ex-ministro e ex-deputado federal Fábio Faria, que está na liderança do novo canal SBT News. Além dele e de Lula, participam da cerimônia Tarcísio, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Frederico Siqueira Filho (Comunicações) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social).

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também está presente. É a primeira aparição pública do ministro desde que o governo dos Estados Unidos retirou as sanções da Lei Magnitsky contra ele e a esposa, Viviane Barci de Moraes, nesta sexta.

Área técnica do TCU recomendou intervenção

Na quinta, Tarcísio a intervenção do governo federal na Enel. Ele afirmou que a medida é necessária para resolver o problema.

"A intervenção funciona; o plano de contingência não", disse o governador. Tarcísio classificou como "absolutamente insuficiente" o desempenho da empresa para restabelecer o fornecimento de energia.

Em nota, o ministro Alexandre Silveira reagiu. "Enquanto o governador de São Paulo e o prefeito da capital do Estado preferem transformar um episódio climático extremo em disputa política, o governo do Brasil mantém o foco naquilo que realmente importa: restabelecer a energia elétrica para a população com rapidez e segurança", disse Silveira.

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Nove dias antes do blecaute na Grande São Paulo, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalie a possibilidade de intervenção federal na Enel.

A auditoria destacou que a concessionária não teria cumprido sete dos onze Planos de Resultados firmados. Também disse que penalizações não têm sido eficazes, diante da judicialização das multas aplicadas pela agência (de mais de R$ 260 milhões).

A indicação da Unidade de Auditoria Especializada em Energia Elétrica e Nuclear (AudElétrica) do TCU foi remetida ao ministro Augusto Nardes em 1º de dezembro. Ao Estadão, o tribunal informa que a recomendação ainda não foi apreciada em plenário, o que não tem data marcada.

O vendaval registrado em São Paulo foi o maior da história. Os ventos chegaram a 98 km por hora na Lapa, zona oeste da cidade. Na região do Aeroporto de Congonhas, na zona sul, a velocidade dos ventos alcançou 96 km por hora.

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No total, mais de 300 voos foram cancelados em Congonhas e no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

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