Moradora da Cidade de Deus passa noite fora de casa após dia de tensão no Rio: 'Não tem ônibus'

Cabelereira sofreu crise de ansiedade e precisou ficar distante da filha após transporte ser paralisado pela onda de violência

28 out 2025 - 22h29
(atualizado às 22h41)
Resumo
Moradores do Rio de Janeiro enfrentaram um dia de tensão devido a uma megaoperação policial, com violência, paralisação de transportes e alterações na rotina, deixando famílias separadas e intensificando o clima de medo.
Larissa Nascimento, de 34 anos, não conseguiu retornar para casa após dia de tensão no Rio
Larissa Nascimento, de 34 anos, não conseguiu retornar para casa após dia de tensão no Rio
Foto: Arquivo pessoal

Larissa de Souza Nascimento foi uma das milhões de pessoas que tiveram a rotina impactada pela megaoperação policial que marcou a cidade do Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28. Moradora da Estrada do Gabinal, na Cidade de Deus, na Zona sudoeste da capital carioca, a cabelereira de 34 anos não conseguiu retornar para casa diante do cenário de violência instaurado no município.

À reportagem do Terra, ela conta que saiu para trabalhar normalmente pela manhã, em um salão em Ipanema, na Zona Sul, após assistir pela TV aos detalhes da megaoperação que estava acontecendo no Complexo do Alemão, na Zona Norte. 

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No período da tarde, entretanto, com a intensificação das represálias promovidas pelo crime organizado, que realizou assaltos, arrastões, ateou fogo em ônibus e espalhou barricadas por diversas localidades, Larissa percebeu que não seria possível retornar para o lar. "Uma sensação de medo e de insegurança. Estou tendo que dormir na casa do meu pai porque não tem ônibus para voltar. Recolheram todos", contou. De acordo com a Rio Ônibus, mais de 100 linhas tiveram os itinerários alterados. Dessa maneira, Larissa estabeleceu-se na casa do pai, localizada na Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional no Leblon, na Zona Sul da capital.

Com o panorama de guerra, a cabelereira, que tem uma filha de quatro anos, sofreu uma crise de ansiedade e falta de ar enquanto ainda estava no trabalho. Sem poder estar com o marido, que também não conseguiu retornar para casa, toda a família passará a noite em locais diferentes, já que a filha do casal irá dormir na casa da avó. "Me sinto completamente desprotegida, com medo não só por mim, mas também pelos meus familiares e amigos. É frustrante e cansativa essa rotina de guerra no Rio", declarou. 

Megaoperação deixa ruas vazias no Rio
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No período da tarde, a reportagem do Terra também acompanhou um jovem, morador da Vila da Penha, que sofreu com a mesma situação. O rapaz trabalha no Leblon e estava no metrô do Flamengo aguardando uma amiga que iria abrigá-lo por receio de retornar para casa. "Vou dormir por aqui hoje, está muito perigoso", disse ele, que preferiu não gravar entrevista. 

Vias importantes sofreram com interdições intermitentes ao longo de todo o dia. Além disso, o comércio fechou mais cedo e muitas ruas da cidade, normalmente movimentadas, ficaram vazias pelo clima de tensão. A cidade entrou em Estágio Operacional 2, ou seja, quando há risco de ocorrência de alto impacto, de acordo com o Centro de Operações e Resiliência (COR).

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A ação deflagrada nesta terça-feira mobilizou mais de 2,5 mil agentes de segurança e levou a Polícia Militar a colocar de prontidão todo o seu efetivo. Até o momento, foram confirmadas 64 mortes, entre elas quatro policiais. Segundo o balanço parcial do governo, 81 suspeitos foram presos, 72 fuzis apreendidos e há grande quantidade de drogas ainda em contabilização.

Fonte: Portal Terra
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