Empresas de ônibus prometem pagar 13º salário de funcionários para encerrar greve em SP

Sem aviso prévio, a paralisação de seis horas afetou todas as regiões da capital durante tempestade e horário de pico

9 dez 2025 - 22h36
(atualizado às 23h41)

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) anunciou pouco após as 22h desta terça-feira, 9, o encerramento da greve de motoristas e cobradores de ônibus que havia sido iniciada por volta das 16h. O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas) confirmou o fim da paralisação e a retomada dos serviços.

Publicidade

A categoria reivindicava o pagamento do 13.º salário e do vale-refeição das férias. Algumas empresas que prestam o serviço de transporte público municipal haviam comunicado a seus empregados que não conseguiriam pagar os valores até esta sexta, 12, prazo acordado previamente.

Nesta noite, após cerca de 2h de reunião com representantes das companhias, o prefeito afirmou que elas se comprometeram a cumprir o prazo de pagamento. "Se, eventualmente, — o que eu não acredito (que vá ocorrer) — alguma empresa não faça o pagamento dos seus colaboradores no dia 12, no dia 13, inicia-se o processo de caducidade e encerramento do contrato (da Prefeitura com a companhia)", declarou Ricardo Nunes à imprensa.

Em novembro, as empresas haviam negociado com os trabalhadores o adiamento do pagamento da primeira parcela do 13.º, previsto até 30 de novembro. Em troca, seria antecipado o pagamento da segunda parcela, cujo prazo é até 20 de dezembro. Dessa forma, o acordo estabelece o pagamento integral do benefício (da primeira e da segunda parcela) até essa sexta, 12 de dezembro.

Contudo, as companhias enviaram ao sindicato nesta terça, 9, uma carta solicitando o adiamento desse prazo. Segundo o Estadão apurou, as empresas identificaram dificuldades de fluxo de caixa para viabilizar o pagamento integral das duas parcelas juntas. Após a reação da categoria, com a greve, no entanto, elas avaliaram que a sugestão foi um erro e se arrependeram da carta, e, por isso, se comprometem a cumprir com o prazo.

Publicidade

"Esse é um direito dos trabalhadores. Aos passageiros de São Paulo — que não têm nada a ver com a situação, mas que no fim pagaram uma conta cara — quero dizer que o sindicato não é a favor da greve, mas, no momento em que mexeram nos interesses econômicos dos trabalhadores, os trabalhadores reagiram", justificou o presidente do SindMotoristas, Valdemir dos Santos Soares, conhecido como Moleque. Ele também participou da reunião com o prefeito.

Ricardo Nunes frisou que o Município paga as companhias em dia. "A Prefeitura não tem atrasado nem um centavo. Temos pago rigorosamente todos os valores para as empresas com a concessão do serviço", defendeu.

Entenda o que aconteu

Sem aviso prévio à população ou às autoridades, a greve durou seis horas e afetou todas as regiões da capital durante tempestade e horário de pico. Segundo a Prefeitura, o movimento paralisou 15 das 32 empresas do sistema de ônibus de São Paulo.

Veículos começaram a ser retirados de circulação a partir das 16h e a paralisação teve reflexos em todas as regiões da cidade. Faltou transporte público no Parque Dom Pedro II, no centro, em Tremembé e no Tucuruvi, zona norte, no Grajaú e em Campo Limpo, zona sul, na Lapa, na zona oeste, e no Tatuapé, na zona leste.

Publicidade

A Prefeitura de São Paulo determinou a suspensão do rodízio de veículos na tarde desta terça em razão da paralisação. Afirmou ainda que determinou o registro de um boletim de ocorrência contra as empresas que aderiram à greve.

Quem optou pelo sistema sobre trilhos também enfrentou dificuldades. As linhas 13-Jade e 10-Coral da CPTM apresentaram falhas nesta terça-feira. Os trens da linha 10 circularam com velocidade reduzida e maior tempo de parada entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz, devido a problemas técnicos. Já na linha 13, os trens não circularam entre as estações Luz e Palmeiras-Barra Funda.

Paulistas reclamam de greve em horário de pico e de chuva e sem aviso prévio

Nas redes sociais, diversos passageiros reclamaram de a greve ter ocorrido durante chuva, horário de pico e sem aviso prévio. Também houve queixas sobre o preço de aplicativos de transporte. Uma usuária publicou prints mostrando corridas de R$ 157 a R$ 271.

Outro usuário, na zona oeste, também criticou corridas acima de R$ 100.

A usuária Luciane relatou ausência de ônibus no Terminal Tucuruvi, na zona norte. "Terminal cheio, sem ônibus da Sambaíba desde 16h30. Ônibus foram recolhidos para a garagem. Trabalhador sofrendo no retorno pra casa", escreveu no X. A passageira Lua Coelho também reclamou da situação no local: "o Tucuruvi ta um caos".

Publicidade

O Terminal Santana, também na zona norte, também estava cheio, conforme foto publicada por um perfil. "Quando fico presa em Santana no meio da chuva pq tá tendo greve de ônibus e não sei como voltar pra casa pq o uber tá dando mais de 50 reais kkkkkkkkkkkkk", escreveu outra usuária chamada Gabi.

Uma usuária no Terminal Santa Cruz, na zona sul, afirmou às 16h38 que "os motoristas estão falando que não vão sair pois estão de greve". Outro passageiro na zona sul critica os preços de transportes por aplicativo para um trajeto de 3 km: os valores variam de R$ 35 a R$ 63, segundo ele. Ele ainda publicou uma foto mostrando o alerta sobre a paralisação.

No Terminal Barra Funda, uma usuária afirmou que o local está "lotado e as vans entupidas de filas".

Na zona sul, o técnico de eletrônica Lucas apontou estar há mais de uma hora esperando "no ponto de ônibus, tomando chuva por causa dessa greve". Segundo ele, o transporte de aplicativo para seu destino está 100 reais.

A moradora de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Amanda Pernella também disse estar enfrentando dificuldades para conseguir ônibus na capital para voltar para casa. Ela ainda relata que a Linha 11-Coral está com problemas técnicos, informação confirmada pela CPTM. "Ótimo dia para voltar de férias", escreveu.

Publicidade
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações