Brasil corre risco de crescimento do hantavírus por conta da cana-de-açúcar e mudanças climáticas

20 jul 2017 - 18h15

Por Sophie Hares

TEPIC, México (Thomson Reuters Foundation) - O risco de ser infectado por um possível hantavírus fatal transmitido por roedores pode saltar no Estado de São Paulo, à medida que mudanças climáticas aumentam as temperaturas e fazendeiros plantam mais cana-de-açúcar, disseram cientistas.

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Educação sanitária e controles de pestes mais efetivos poderiam ajudar a reduzir o risco da doença na área, além de restauração de florestas e melhor uso da terra, escreveram pesquisadores brasileiros e norte-americanos na publicação PLoS Neglected Tropical Diseases.

"Estudos a respeito desta doença olham para o aspecto do vírus e não para o panorama e aspecto climático, que é muito importante, conforme definem as espécies que transmitem a doença e como as pessoas são infectadas", disse uma das autoras do estudo, Paula Ribeiro Prist, da Universidade de São Paulo, à Thomson Reuters Foundation.

O vírus, que pode ser inalado ou contraído através de contato com fezes ou urina de roedores, causa Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (HCPS), que é fatal em mais da metade dos casos.

Não há vacina disponível para a HCPS e embora a probabilidade de contrair seja rara, qualquer possível aumento em casos é significativo por conta da mortalidade da doença, segundo o relatório.

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Temperaturas mais quentes relacionadas às mudanças climáticas e mais terras destinadas à cana, nutritivas para roedores, podem impulsionar o número de roedores e aumentar o tempo que o vírus está ativo no ambiente, disseram cientistas.

Somente o aumento de produção de cana pode expor 20 por cento a mais de pessoas ao risco da doença no Estado mais rico do Brasil, e isto pode aumentar para até 34 por cento até 2050, uma vez que os picos de temperatura são acrescentados, segundo o relatório.

Mais de 70 por cento dos infectados pela HCPS no Estado de São Paulo moravam ou trabalhavam em áreas agrícolas, e mais de 90 por cento eram homens, segundo o relatório.

A combinação de maior cobertura florestal com plantações de cana-de-açúcar no Brasil pode ajudar a promover diversificação de espécies, diminuir populações de roedores e reduzir o risco da doença, de acordo com os cientistas.

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Programas sanitários melhores são necessários para explicar aos trabalhadores da cana e pessoas em áreas rurais como evitar contrair o vírus, enquanto diminuição das populações de roedores também pode ajudar a melhorar o rendimento de cana.

De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, 690 casos da doença foram relatados nos EUA até janeiro de 2016, com diversos casos em países latino-americanos, incluindo Argentina, Venezuela e Panamá.

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