1980: Morre Alfred Hitchcock

29 abr 2016 - 04h20

No dia 29 de abril de 1980, morria Alfred Hitchcock, o famoso diretor de cinema inglês, gordo, simpático e careca. Mesmo várias décadas depois de seu falecimento, seus filmes ainda fazem sucesso.

Filho de um quitandeiro, Alfred Hitchcock (Londres 1899 - Los Angeles 1980) começou a se interessar pelo então novo meio de comunicação, o cinema, em 1915, quando trabalhava na Henley Telegraph & Cable Company.

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Conseguiu emprego num estúdio de Londres depois de concluir o filme Always tell your wife, cujo diretor adoecera durante as filmagens. O segundo filme, Os jardins dos prazeres, marcou o início de sua carreira como cineasta, aos 26 anos de idade.

Desde The lodger (1926), começou a praticar o gênero que o tornaria mundialmente conhecido, o suspense. O cinema sonorizado abriu-lhe novas possibilidades de magnetizar o público. O homem que sabia demais (1934), Os 39 degraus (1935) e Sabotagem (1936) são clássicos até hoje.

Suspense calculado

Hitchcock transformou os espectadores em cúmplices: eles sabem de onde parte a ameaça ao protagonista, mas não podem impedir que este caia ingenuamente na armadilha. Já famoso pelos trabalhos de juventude, o cineasta recebeu em 1939 um contrato do produtor de E o vento levou..., David Selznick, para trabalhar em Hollywood.

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Hitchcock lá estreou em 1940 com Rebeca, a mulher inesquecível. Três anos depois, realizou A sombra de uma dúvida. Na maquinaria hollywoodiana, viu a possibilidade de pôr em imagens todas as suas fantasias. Os atores e atrizes de Hollywood também o fascinaram: eram capazes de interpretar personagens de carne e osso, sem afetação.

Num tempo em que os diretores de cinema eram apenas empregados de estúdio, Alfred Hitchcock conseguiu a proeza de ser a principal estrela de seus próprios filmes e de trabalhar com ampla autonomia. Isso se deveu tanto a seu senso publicitário aguçado, quanto à sua identificação com o gênero de suspense.

Artista ou artesão?

Comercialmente, suas obras eram um sucesso, mas ninguém ousaria chamá-lo de artista do século. Considerado nos EUA apenas um cineasta técnico por muitos anos, teve sua importância reconhecida pela crítica francesa nos anos 50. Em 1954, a revista Cahiers du Cinema dedicou-lhe toda a edição de número 39, concedendo-lhe, pela primeira vez, o status de artista.

O período mais frutífero de Hitchcock foram os anos de 1954 a 1963. É dessa época uma série de obras-primas que o fixaram como um dos principais cineastas de todos os tempos: Janela indiscreta (1954), Um corpo que cai (1956), Psicose (1960), Os pássaros (1963), entre outros.

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Décadas após sua morte, em 29 de abril de 1980, essas obras continuam recebendo remakes e influenciando gerações de roteiristas e diretores.

Cinema da culpa e repressão

De formação católica jesuítica, Hitchcock levou para o cinema preocupações trazidas da infância: culpa, pecado, medo, assim como atração e repulsa pela sexualidade. Dizia que a técnica nunca deveria se impor ao enredo, mas, sim, colocá-lo em evidência.

Em conversa com o então jovem diretor François Truffaut, observou que "o cineasta mais acessível a todos os públicos pela simplicidade e clareza é também o que se supera ao filmar as relações mais íntimas entre os seres". Ainda hoje, muitos consideram os filmes de Hitchcock imbatíveis, em termos de suspense.

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