A atriz Roberta Rodrigues destacou o filme "Cidade de Deus" como um marco no cinema brasileiro por abrir espaço para atores negros e periféricos, sendo um divisor de águas na representatividade e na discussão de questões sociais, cujo impacto continua atual com a série derivada.
A atriz Roberta Rodrigues, de 43 anos, refletiu sobre o caráter pioneiro do filme Cidade de Deus (2002), um clássico do cinema nacional que teve seu universo continuado com a série homônima, atualmente disponível na HBO Max.
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Segundo a atriz, que interpreta a personagem Berenice em ambas as produções, o longa-metragem foi um verdadeiro 'divisor de águas' na indústria cinematográfica ao garantir, pela primeira vez, espaço para atores negros e da periferia brilharem nas telonas. Além disso, ela pontuou que a obra também foi pioneira no aspecto afrocentrado, ao colocar pessoas negras no protagonismo de suas próprias histórias.
“Nesse projeto, a gente fala do nosso País, e Cidade de Deus foi um filme de grande sucesso porque trouxe para a grande tela, pela primeira vez, atores negros e de periferia. Todo mundo fala que o projeto tinha muitos ‘não atores’, mas eu já era atriz na época. O Alexandre Rodrigues [Buscapé] também já era, sabe?”, contou.
Em seguida, a atriz falou sobre o legado da obra. “É inegável que o filme promoveu uma transformação no audiovisual, no Brasil e fora dele também. E, 20 anos depois, comprovando esse legado, a gente vem com a série Cidade de Deus: A Luta Não Para'. Na série, falamos de vida real, de assuntos necessários e que ainda seguem presentes, como a questão social, a desigualdade, a política e essa necessidade que o nosso país tem de se transformar de fato. Muita gente diz que, às vezes, é muito violento, mas essa é a nossa realidade.”
Ao falar sobre a série, ela aproveitou para rebater críticas sobre cenas com violência extrema no projeto. Segundo Roberta, apesar de muita coisa ter mudado em duas décadas — como o próprio título sugere — algumas lutas continuam. “É o que estamos vivendo, e a cada dia fica mais atual, o que é preocupante.”
Apesar disso, ela destaca positivamente o espaço para narrativas negras que vão além da dor. “A série também constrói caminhos para momentos de vitória, o que é fundamental. A gente precisa das nossas vitórias. Enquanto Berenice, essa vitória da personagem — que se torna vereadora — é uma grande conquista. A gente vê uma mulher preta nessa tela, mostrando que a gente vence também.”
Por fim, Roberta Rodrigues enalteceu a HBO Max e retomou o debate sobre a importância de uma produção com temática periférica nos dias atuais. "Cidade de Deus é atemporal, tanto o filme quanto a série, porque fala sobre uma realidade ainda muito existente e latente, infelizmente."