Mês do orgulho: como surgiu e porque é celebrado em junho

De Stonewall à Parada LGBTQIAPN+ de São Paulo: o mês de orgulho é mais do que celebração, é um ato político.

12 mai 2023 - 05h00
(atualizado em 30/6/2025 às 12h13)
Resumo
O mês do orgulho LGBTQIAPN+, celebrado em junho, tem origem na Revolta de Stonewall (1969) e combina celebração com ativismo político, promovendo visibilidade, inclusão e a luta contra a opressão e a violência, enquanto ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no Brasil.
Marsha P. Johnson e outros.
Marsha P. Johnson e outros.
Foto: Getty Images

O mês de junho já se tornou conhecido como “mês do orgulho”, por ser um momento de celebração e resistência. Em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, o período é marcado por eventos, manifestações, campanhas e ações voltadas à LGBTQIAPN+. 

Mas acredite: há um forte significado histórico e político por trás disso, nada é por acaso. Nesse mesmo mês, em 1969, houve um dos acontecimentos mais marcantes da luta por direitos: a Revolta de Stonewall, nos Estados Unidos.

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O mês do orgulho é uma oportunidade de relembrar os movimentos que foram feitos ao longo dos anos para garantir que as pessoas LGBTQIAPN+ resistissem, promover a visibilidade e a inclusão social, mas principalmente, lutar contra a opressão histórica que a comunidade sofre.

O que é o mês do orgulho?

O mês do orgulho LGBTQIAPN+ é uma agenda internacional dedicada à visibilidade da diversidade sexual e de gênero.

É um momento em que toda a comunidade queer se reúne para celebrar a vida. Algo importante, principalmente no Brasil, que segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), registrou em 2024, 291 mortes violentas de pessoas LGBT+ ou movidas por LGBTfobia, 8% a mais do que no ano anterior.

Isso nos mostra como o termo “orgulho” carrega um significado muito grande: durante muito tempo, pessoas LGBTQIAPN+ não podiam expressar quem eram de verdade. Até hoje isso acontece: há 64 países que criminalizam a homossexualidade.

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Além da marginalização, foram levadas ao silêncio e à vergonha por simplesmente existirem. Ter orgulho de ser quem é acaba sendo a principal ferramenta para seguir enfrentando a opressão e a violência. 

Qual a origem do mês do orgulho? Stonewall e a luta por direitos

Não há como falar de orgulho, nem de comunidade LGBTQIAPN+, sem falar sobre a Revolta de Stonewal.

Inclusive, o dia do orgulho, que é celebrado no dia 28 de junho, ganhou essa data no calendário devido à esse episódio. Isso porque, na madrugada desse mesmo dia em 1969, policiais invadiram o bar Stonewall Inn, em Nova York, espaço conhecido por ser frequentado por pessoas da comunidade e pela “jukebox”.

A presença policial já havia se tornado comum, afinal, havia uma forte repressão. Na época, ser uma pessoa LGBTQIAPN+ era considerado uma doença e também ilegal.

O que fez desse dia algo diferente foi a forma como a comunidade reagiu. Figuras históricas como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, a revolta se estendeu por vários dias, com protestos nas ruas do bairro de Greenwich Village.

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Foram manifestações contra a violência policial, mas principalmente, um grande marco de mobilização política e social. A partir dali, nasce o movimento pelos direitos LGBTQIAPN+ que conhecemos hoje.

No ano seguinte, em 1970, foi realizada a primeira marcha do orgulho em Nova York, dando início à tradição do mês de junho com atos públicos, como a Parada do Orgulho.

Como o mês do orgulho é celebrado no mundo

Hoje, o mês do orgulho é celebrado globalmente com uma diversidade de ações: paradas, festivais, exposições, intervenções artísticas, campanhas e debates. 

Mas, com certeza, as paradas LGBTQIAPN+ são os eventos mais conhecidos. Em cidades como São Paulo, Nova York, Londres, Toronto e Berlim, milhões de pessoas ocupam as ruas.

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Durante o mês, há uma intensa agenda de atividades culturais e educacionais, como mostras de cinema, rodas de conversa, exposições de arte e oficinas sobre direitos humanos. 

Mas não fica somente nesse lugar de “militância”. Cada vez mais, empresas e instituições adotam campanhas temáticas durante o mês do orgulho, com o objetivo de apoiar a diversidade e incluir a comunidade LGBTQIAPN+ em suas estratégias.

A Boticário e a Natura, por exemplo, vem ao longo dos anos abordando campanhas que dão protagonismo à comunidade, trazendo suas narrativas. Esse ano, a Sephora, junto com Lady Gaga, lançaram uma campanha global para celebrar e conscientizar no mês do orgulho.

Esses avanços são muito importantes, principalmente quando vem acompanhados de ações efetivas. A diversidade e inclusão é uma pauta importante, que precisa ser abordada de maneira autêntica, durante o ano todo e não somente em junho.

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Importância do mês do orgulho para a sociedade

É sempre importante lembrar que o mês do orgulho vai muito além da celebração. Ele é uma ferramenta de transformação social que amplia o debate público e estimula políticas inclusivas.

Dar visibilidade à comunidade LGBTQIAPN+ ajuda a combater o preconceito e a desinformação, além de ser um exemplo do que chamamos de representatividade.

Se ver na mídia, na política, em cargos de liderança, em lugares que não sejam marginalizados e subalternos, abre a oportunidade de criar novos futuros para essas pessoas.

Diversas conquistas foram resultado direto da pressão e da visibilidade geradas pelo mês do orgulho. 

A criminalização da homofobia no Brasil, o casamento homoafetivo, em muitos países, o uso do nome social e o avanço em políticas de saúde e educação inclusivas são exemplos disso.

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Segundo o IBGE, no censo de 2022, 2,9 milhões de brasileiros adultos se declararam LGBTQIAPN+, um número que, possivelmentec ainda é subnotificado devido ao medo da discriminação. 

E é por isso que o mês de junho é tão importante, afinal, a visibilidade proporcionada pelo mês do orgulho contribui para que mais pessoas se sintam seguras para serem quem são.

Orgulho não é só festa: ainda há desafios

Apesar dos avanços, a comunidade continua enfrentando grandes desafios, especialmente no Brasil, que frequentemente lidera rankings de violência contra essa população.

De acordo com o Grupo Gay da Bahia, em 2023, 52% das vítimas de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ eram gays, e 43% são travestis e transexuais.

Mas a violência não é só a que passa na TV nos noticiários policiais. O preconceito contra a comunidade ainda é um dos principais fatores de exclusão, o que acaba afetando a vida em todos os âmbitos.

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Pessoas LGBTQIAPN+, especialmente negras, trans e periféricas, enfrentam barreiras no mercado de trabalho, têm menor acesso à moradia digna e encontram obstáculos nos serviços de saúde.

Você sabia que a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de 35 anos, menos da metade da média nacional? Esse número demonstra que ainda há muitos avanços para serem realizados.

E essa não é, somente, uma responsabilidade do governo, mas sim, da sociedade como um todo.

Celebrar o mês do orgulho é reconhecer que amar, ser e existir são atos legítimos e inegociáveis e que cada pessoa tem o direito de ser quem é.

Agora que você já sabe mais sobre o mês do orgulho, fique por dentro da editoria Nós do Terra e saiba mais!

Fonte: Redação Nós
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