Dispatch é um dos lançamentos mais imperdíveis de 2025

O primeiro projeto da AdHoc Studio já mostra personalidade e entrega uma qualidade que coloca o estúdio no mapa

17 nov 2025 - 14h13
Dispatch é um dos lançamentos mais imperdíveis de 2025
Dispatch é um dos lançamentos mais imperdíveis de 2025
Foto: Reprodução / AdHoc Studio

Houve uma época em que jogos interativos dominavam conversas e prêmios, com o auge simbolizado por The Walking Dead, que levou o título de jogo do ano e abriu caminho para uma leva de experiências focadas em escolhas e narrativa. 

Hoje, esse formato aparece com menos frequência e raramente volta a marcar presença da mesma forma, deixando um espaço aberto para quem conseguir capturar aquele sentimento de história guiada pelo jogador sem perder ritmo nem propósito. Dispatch surge exatamente nesse cenário, trazendo de volta a força desse estilo por meio de uma abordagem moderna, personagens marcantes e um formato episódico que recupera a graça de acompanhar algo semana após semana.

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De zero a herói

Dispatch nos coloca no papel de Robert Robertson, o terceiro da geração de Homem-Meca, um herói que parece uma mistura de Batman com Homem de Ferro, mas com toda a grana concentrada apenas na armadura. Como todo herói desse tipo, Robert carrega um passado pesado após o assassinato do pai pelas mãos do vilão Mortalha, conhecido por estar sempre dez passos à frente. Quando descobre a localização do inimigo, Robert decide pôr fim no que o assombra há anos, só que nada sai como planejado. O Mortalha já o aguardava e tenta tomar o Pulso Astral, fonte de energia da armadura, que acaba se perdendo depois de uma explosão após o Robert tentar fugir.

Com a armadura destruída e sem perspectiva, Robert decide anunciar publicamente sua aposentadoria. Agora longe da vida de herói e tentando entender seu novo papel no mundo, surge Loira Luminar, uma das principais heroínas daquele universo. Ela oferece uma segunda chance ao convidá-lo para trabalhar na empresa SDN e participar do programa Fênix, onde ele assume a função de coordenar outros heróis em tarefas que vão desde ajudar em uma sorveteria até lidar com roubos ou eventos públicos.

É aí que conhecemos a Equipe Z, e o jogo realmente começa a brilhar. A equipe é formada por personagens desajeitados, com histórico criminal e tentando seguir um novo caminho, mesmo que alguns diálogos façam isso parecer improvável. Cada um deles tem personalidade suficiente para roubar a cena, e daria para dedicar um parágrafo inteiro a cada personagem. Malévola, Invisiva, Sonar, Flambae e Prisma são alguns dos destaques, muito pelo texto afiado e pelo elenco de dublagem, que conta com Aaron Paul como Robert, além de Laura Bailey e Jeffrey Wright.

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Foto: Reprodução / Matheus Santana

A história de Dispatch não tem receio de abraçar temas de redenção e mostrar como um herói pode flertar com a linha que separa do vilão. Robert, longe da armadura, acaba sendo mais corajoso do que muitos imaginam, a ponto de surpreender até os próprios colegas da Equipe Z quando responde sem medo.

Por ser um jogo interativo, ou como muitos gostam de chamar de filminho, tudo gira em torno de escolhas de diálogo que aparecem ao longo dos episódios. E vale elogiar a decisão da desenvolvedora de lançar os capítulos semanalmente, formato que já foi concluído. A maneira como cada episódio termina sempre me deixava esperando pela próxima semana. Tomara que a AdHoc mantenha esse ritmo nos próximos projetos.

Quanto às escolhas, sinto que o estúdio foi mais conservador do que deveria. Para um jogo que depende tanto desse recurso, faltou impacto real nas consequências. Na prática, elas servem mais para moldar a relação com a Equipe Z e outros personagens do que para provocar mudanças significativas na história. Em nenhum momento tive aquela sensação de ter feito algo realmente errado ou que pudesse alterar o rumo dos episódios seguintes.

Foto: Reprodução / Matheus Santana

Gerenciamento de equipe

Ao longo dos oito episódios do jogo, uma das formas que a desenvolvedora encontrou para colocar o jogador de fato no controle, em vez de só assistir e apertar poucos botões, foi um minigame de gerenciamento. Nele, fazemos jus ao nome do jogo e precisamos despachar o Time Z para lidar com diferentes tarefas em uma parte de Los Angeles.

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Cada personagem da equipe tem suas vantagens, e isso fica claro ao comparar o gráfico individual de cada um. Prisma tem mais carisma, Sonar se destaca pela inteligência e Coupé é a mais rápida do grupo. Entender onde cada personagem se encaixa é fácil, já que basta ler as palavras em destaque e observar como o gráfico se preenche ao selecionar alguém. Também não dá para mandar heróis sem parar. É preciso respeitar o tempo de descanso e evitar enviar muita gente para a mesma missão para trabalhar como um despachante eficiente.

Foto: Reprodução / Matheus Santana

Outro detalhe divertido é que a equipe começa a criar sinergias com o tempo. Usar Golem com a Invisiva garante vantagens em praticamente qualquer tarefa, aumentando bastante a taxa de sucesso. Além das sinergias, cada membro desbloqueia habilidades novas. Prisma consegue criar um clone de quem estiver ao lado dela, Golem cria versões dele mesmo e Golpe Baixo tem uma habilidade bem útil, já que mesmo quando uma missão fracassa ele não se machuca.

Por fim, não dá para deixar de comentar o acerto na escolha estética. O estilo gráfico mais próximo de uma história em quadrinhos combina muito com o tom do jogo. É inevitável lembrar da série animada do Invencível, mas em alguns momentos acho que Dispatch chega até a superar, principalmente no último episódio, onde fica claro que guardaram o orçamento para o desfecho. As cenas de ação são muito bem dirigidas e rendem várias capturas de tela pela qualidade dos enquadramentos.

Considerações

Dispatch - Nota 9
Foto: Divulgação / Game On

Dispatch é um daqueles raros jogos que conseguem te prender do início ao fim, despertando aquela vontade de continuar mesmo depois de ver tudo o que tinha para mostrar. Ao mesmo tempo, ele entrega um desfecho que deixa a sensação de jornada completa, daquelas que você aceita encerrar com satisfação quando os créditos começam a subir. É o tipo de estreia que faz qualquer um prestar atenção no futuro do AdHoc Studio, porque fica claro que eles entenderam o que torna esse formato especial e como usá-lo com confiança.

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Dispatch está disponível para PC e PlayStation 5.

Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pelo AdHoc Studio.

Fonte: Game On
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