Pais de Walewska prestam queixa-crime contra viúvo da jogadora por extorsão e intimidação

Casal recebeu notificação extrajudicial de Ricardo Mendes, inventariante da herança, solicitando pagamento de aluguel do imóvel onde vivem; representantes do ex-parceiro da jogadora só vão se manifestar após notificação

14 mai 2024 - 18h14

Os pais de Walewska Oliveira, campeão olímpica de vôlei morta em setembro de 2023, aos 43 anos, apresentaram uma queixa-crime contra o viúvo da jogadora, Ricardo Alexandre Mendes, por extorsão e intimidação no processo do inventário da atleta. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial de São Paulo, no Jardins, e deve ser encaminhado para Minas Gerais, onde vivem Geraldo Vieira de Oliveira e Maria Aparecida Moreira, genitores da campeã olímpica. Segundo advogado do casal, eles "temem pela vida" e vivem de maneira reclusa desde o início do processo. Os representantes de Ricardo foram procurados e vão se manifestar apenas após serem notificados.

Walewska ao lado da mãe, Aparecida, e do pai, Geraldo
Walewska ao lado da mãe, Aparecida, e do pai, Geraldo
Foto: Reprodução/Instagram/walewska.oliveira / Estadão

No dia 18 de abril, Geraldo e Maria Aparecida receberam uma notificação extrajudicial solicitando o pagamento de R$ 2.070,00 pelo aluguel do imóvel onde vivem há anos. O apartamento, localizado em Belo Horizonte, faz parte da lista de bens citados por Ricardo para a abertura do inventário, mas, conforme afirmado por Vacarezza, foi adquirido pela ex-jogadora antes do casamento e consta apenas o nome dela na escritura do imóvel.

"O delegado concorda que há necessidade de investigar os atos praticados na notificação e irá direcionar a gente para Minas, onde houve a tentativa de extorsão", diz Vacarezza. "Vamos investigar também a coerção no curso do processo. A parte notificar os outros sem ser pelo judiciário não é permitido. O advogado do sr. Ricardo também vai ser investigado por crime disciplinar. Estamos tomando todas as providências legais e cíveis para entender essa tentativa de constranger os pais", completa.

"A nossa campeã declara que ela era separada judicialmente, que não existia nenhuma união estável dela. Este imóvel é 32% dos pais dela e 68% dela. Só que foi adquirido com o dinheiro dela antes do casamento, e ela declarou oficialmente na escritura que não mantinha união estável com ninguém", defende o advogado.

O viúvo, por sua vez, alega que viveu em união estável com a ex-jogadora de setembro de 2003 até 2010, ano em que se casaram com comunhão parcial de bens. Com base em tal alegação, os advogados de Ricardo defendem que ele tem direito a 68% de fração sobre o imóvel, além de um veículo avaliado em R$ 71 mil e ativos bancários em nome de Walewska. O valor total que o viúvo pede que seja partilhado no inventário é de pouco mais de R$ 200 mil, somando tudo.

A família, por sua vez, alega que Ricardo "sumiu" com a fortuna da campeã olímpica. Segundo Vacarezza, ela tinha outros 23 imóveis registrados no nome dela e um patrimônio avaliado em aproximadamente R$ 43 milhões. Também de acordo com o advogado da família, os representantes de Ricardo afirmam que o viúvo passa por dificuldades financeiras. Porém, viajou à Europa recentemente e publicou imagens dos passeios nas redes sociais.

Entenda o caso

Após a morte da ex-jogadora, Ricardo Alexandre Mendes deu entrada como inventariante (pessoa responsável por listar bens e herdeiros do patrimônio) e, segundo Maria Aparecida, não comunicou à família. Como Walewska não deixou testamento, o papel, por direito, é de Ricardo, com quem a atleta foi casada por 20 anos. Ele havia pedido a separação pouco antes da morte, mas o processo de divórcio não chegou a ser concluído. O casamento deles era em comunhão parcial de bens, ou seja, o que cada um adquiriu depois do casamento pertencia aos dois.

Entretanto, o pedido da família da atleta é que Ricardo seja excluído da herança. Em entrevista ao Fantástico, em dezembro do ano passado, os pais explicaram que a principal razão para pedir a exclusão era o fato de o viúvo ter "manchado a imagem" e "atacado a honra" de Walewska. A defesa argumenta que Ricardo ter falado publicamente que a mulher tinha compulsão por compras é um ataque à sua imagem. No boletim de ocorrência da morte de Walewska, ele relatou "enfrentar problemas na relação" há pelo menos quatro anos.

A atleta não deixou testamento. Entretanto, cartas escritas por elas estão anexas ao processo. Os textos citam a decepção em descobrir um filho do marido fora do casamento. Também é mencionada uma frustração financeira, mas sem deixar claro de quem eram as dívidas. De acordo com os pais, Walewska nunca comentou sobre traição com eles.

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Walewska ao lado da mãe, Aparecida, e do pai, Geraldo
Foto: Reprodução/Instagram/walewska.oliveira / Estadão
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