O presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, afirmou que o clube irá até as "últimas consequências" para apurar a denúncia de vendas de vagas para jogadores nas categorias de base santista por André Luiz Rodrigues Fernandes, que se identifica como funcionário no instituto do atacante Neymar, em reportagem da TV Record veiculada na última quarta-feira.
Ao Terra, Modesto prometeu que acionará até mesmo a polícia, por meio do departamento jurídico santista, e que já tomou medidas preventivas que restringirá acessos no CT Rei Pelé e na Vila Belmiro. Uma sindicância será aberta por indicação do presidente do Conselho Deliberativo nesta sexta.
“Vamos apurar tudo até as últimas consequências. Foi uma ótima isso ter aparecido, vamos a fundo agora. Acionaremos o departamento jurídico, a polícia e quem mais estiver envolvido. Quem fez precisa ir para a cadeia, doa a quem doer. Parece ser um esquema antigo, não consegui ver o material com calma, mas estou assustado. Gostei, pois é algo que nos incomoda muito. O Santos tem essa missão, pois já tínhamos denúncias, mas não existiam provas. Então, isso nos ajuda e muito agora", disse o mandatário.
A reportagem veiculada pela TV Record flagra Andrezinho, como é conhecido, negociando vagas nas divisões de base para um suposto pai de dois jogadores, um deles um ator e o outro um jornalista, com idades fictícias de 15 e 16 anos. No vídeo, o empresário garantia, pelo menos, um ano de treinamentos na categoria Sub-17 dizendo ter amizade com o presidente, o vice e o diretor jurídico do clube.
"Tem algumas medidas preventivas que serão tomadas. A Comissão de Inquérito e Sindicância do Conselho já será acionada, também, pois queremos apurar a fundo tudo isso. É tudo muito sério", explicou Modesto. "Tudo será averiguado, mas já proibimos as entradas livres em CTs, na Vila Belmiro e tomaremos outras séries de precauções nesse sentido. Vamos as últimas consequências", completou.
Modesto explicou que os acessos a não funcionários ficarão restritos durante a investigação que será feita pelos conselheiros da Comissão de Inquérito e Sindicância. No período, o grupo ficará responsável por levantamentos e até a convocação para depoimentos, ainda sem um prazo para o parecer.
"Farei um ofício e eles receberão essa situação da mesa, pois é um escândalo público. Claro que qualquer punição no período será a cargo administrativo, mas tomaremos as providências, se assim for, e daremos direito de resposta à todos”, afirmou Fernando Gallotti Bonavides, presidente do Conselho.
Ele externou que o clube já tinha desconfianças sobre possíveis esquemas nas categorias de base, mas sem provas para denúncias. "Colocaram em jogo o nome do Santos, mas pior do que isso: o sonho de uma criança. Essa é a gravidade. Estão brincando com o sonho e a esperança de uma família. Quem cobra R$ 80 mil por uma ilusão não sabe que pais vendem a própria casa para bancar esse sonho? Isso é de uma crueldade muito grande. Isso tem que acabar. Vamos estancar", concluiu.
O Instituto Projeto Neymar Jr. e o jogador disseram oficialmente não ter vínculo e nem consentimento nenhum com a história e o tema mostrado na matéria.
