O pôster enviado pelo whatsapp chama a atenção. Com o gesto característico do braço direito levantado e o punho cerrado, Sócrates está vestido com o segundo uniforme alvinegro, mas sem o distintivo corintiano. O patrocínio usado no bicampeonato paulista de 83 está trocado: sai a Cofap e entra Paletti. E a palavra Super, que combina tanto com o craque, completa o pôster.
A mensagem é da minha filha Luisa, que explica ter recebido a foto da amiga Bruna, que mora na Itália. O pôster foi colocado durante a inauguração de um escritório de uma agência de publicidade a pedido de um dos donos, Giuseppe, italiano que adora o futebol brasileiro e é fã incondicional de Sócrates. Foi ele que explicou que o pôster se tratava da reprodução da capa de um CD lançado por Pietro Paletti no ano passado.
Paletti é outro fã de Sócrates. O cantor de indie pop disse não ter imaginado ninguém melhor para estampar a capa do “Super”, seu terceiro álbum. “A pessoa tem que ser a melhor no que ela faz, como o Sócrates da capa. Ele não foi apenas um jogador refinado. Foi médico, ativista político, pai, boêmio, cantor, filósofo e um líder carismático”, disse Paletti, explicando porque escolheu o super craque brasileiro, capitão da Seleção na Copa de 82 e um dos maiores ídolos da história do Corinthians.
A menção a jogadores de futebol já apareceu em álbuns como o Sgt Pepper´s, quando os Beatles colocaram o jogador do Liverpool, Albert Stubbins, entre os 56 homenageados. John Lennon na capa do álbum “Walls and Bridges”, de 74, também fez menção ao futebol e reproduziu um desenho seu, de quando tinha 11 anos, que mostra um lance entre o Newcastle e o Arsenal.
Mas só o super Sócrates teve direito a uma capa todinha pra ele. Uma justa homenagem ao craque que faleceu há sete anos, mas que continua sendo reverenciado pelo futebol arte e pelas lutas que travou fora de campo.