Ao olhar para a própria trajetória de vida, Ivan Moré analisa que estar sempre em movimento foi essencial para que ele pudesse construir uma carreira dentro do jornalismo e, mais tarde, também como empreendedor e palestrante. Após apresentar os principais programas esportivos do País, como a edição paulista do Globo Esporte e o Esporte Espetacular, o comunicador decidiu deixar a Globo em 2019 e se prepara para lançar um programa próprio na internet, mas ainda afirma que nunca recusaria uma boa proposta para voltar a fazer televisão.
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Moré começou na televisão na RPC TV, afiliada da Globo na região do Paranavaí, noroeste do Paraná. De lá, ele subiu na carreira e conseguiu posições de destaque no eixo Rio-São Paulo. Feito esse que, segundo ele, exigiu muito esforço. Ainda mais para alguém que se considera um outsider, uma pessoa de fora, pois nunca teve conexões que o auxiliaram a crescer na carreira.
"Meu período de TV Globo foi de muita provocação, de muita ousadia e de muita aposta para conseguir alcançar o espaço que acreditava que eu merecia. Foi tudo na unha, cara, não teve facilitação nenhuma. Sempre me considerei um outsider, porque a grande maioria ali tinha alguém que indicava, que era filho de fulano. Eles falam que não, mas tiveram muita facilitação porque todo meio corporativo tem. Eu, pelo contrário, era um desconhecido, que veio de baixo e precisava a todo momento, sendo o último da fila, provar o meu valor", diz ele em entrevista ao Terra.
Após sair da Globo, a única outra experiência de Moré na TV foi apresentar na RedeTV! o programa diário esportivo Qualé, Moré?, que ficou no ar por cerca de oito meses. Agora, ele se prepara para lançar um programa de mesmo nome na internet, mas que terá outro formato: será um programa de auditório que, segundo o jornalista, irá debater os jogos da rodada de maneira aprofundada e com análises inteligentes, mas também com bom humor para atrair gerações mais novas.
"Vamos debater o que aconteceu e tentar trazer uma perspectiva um pouco mais aprofundada e inteligente com debates que vão além da bola rolando dentro de campo, além da polêmica do VAR. Quero trazer uma questão mais estrutural relacionada ao esporte, quais são os problemas que as pessoas não estão debatendo. Trazer um mínimo de letramento e racionalidade para o torcedor que quer ter argumento no papo de boteco", define o comunicador.
Por mais que esteja se dedicando a um projeto na internet, Ivan não descarta a possibilidade de voltar à televisão no futuro. "Jamais vou me opor a qualquer tipo de convite que venha da TV, desde que haja uma estrutura mínima que possa contemplar o que um programa precisa ter."
Enquanto a nova versão do Qualé, Moré? ainda não estreia, o jornalista tem se dedicado a outros projetos profissionais. Ele é sócio de uma empresa de inovação que promove mudanças na cultura organizacional de grandes corporações e também trabalha como palestrante, se apresentando para públicos com foco no empreendedorismo, assunto ao qual se dedicou nos últimos cinco anos, no período em que deixou a Globo até voltar a trabalhar com esporte.
Corintiano, mas racional
No âmbito da comunicação esportiva, Moré tem produzido conteúdo para as redes sociais. Com foco principalmente no futebol brasileiro, ele faz vídeos comentando assuntos relevantes dos jogos e dos clubes, algumas das publicações mais recentes são sobre o Corinthians, time pelo qual torce.
Ivan revelou ser corintiano ainda em 2018, quando ainda trabalhava na Globo, indo na contramão da política da emissora para jornalistas esconderem seus times. Por mais que seja torcedor declarado, ele recebe críticas e é acusado de ser contra o próprio clube quando faz alguma análise crítica sobre os problemas enfrentados pelo Corinthians atualmente.
"O que se vê hoje são gestores muito mal preparados e um time que sempre foi movido pela paixão dos torcedores que, infelizmente, não sabem encontrar uma maneira objetiva e efetiva de promover uma cobrança no sentido da transformação. O meu objetivo hoje é me posicionar trazendo elementos de conscientização para uma torcida extremamente passional e que confunde resultados imediatos com gestão a médio e longo prazo. Levando em conta que o maior problema hoje está no caos que o time se encontra com dívidas absurdas e que não necessariamente se vê uma luz no fim do túnel por conta do estatuto do clube. Meu objetivo é ser um provocador, no bom sentido, trazendo consciência, promovendo debates construtivos e apontando soluções para que o time saia dessa."
Ligado nas questões da organização do time, Moré não esconde que gostaria de ocupar a cadeira de presidente do clube em algum dia no futuro, mas também frisa que, para isso acontecer, precisaria haver uma série de mudanças.
"Quando penso que, para participar desse tipo de gestão, necessariamente, preciso ter esse relacionamento político nos bastidores de um clube extremamente complexo, com raízes lá no passado e extremamente ultrapassadas. Isso não faz parte de um contexto possível. Mas, lá no futuro, com a possibilidade de um aporte de dinheiro de grandes empresários, de um grupo estruturado, sólido e com perspectiva financeira para gerar essa transformação, gostaria de contribuir nesse sentido com ideias interessantes."
Paternidade
Por mais que os compromissos como jornalista, empreendedor e palestrante tomem bastante do tempo de Ivan Moré, ele considera esses papeis pequenos perto da paternidade. O comunicador já é pai de Mel, de 12 anos, e Lui, de 10, frutos do casamento anterior, e aguarda a chegada da terceira filha, que se chamará Amora, fruto do atual casamento com Giovanna Lemos.
"Não vejo a hora de ter aquela sensação pela terceira vez de ver a coisinha mais fofa do mundo, pequenininha e a sua cara. É um amor inexplicável. Sei de todo o trabalho que isso gera, as noites mal dormidas, os momentos de privação de sono, mas isso tudo faz parte de um papel que nós temos na vida, que vai além de todos os outros papéis. Isso é tudo muito pequeno, perto do papel da paternidade para mim."
Pai pela terceira vez, o jornalista analisa que a maturidade de estar quase nos 50 anos será útil na criação da caçula, pois poderá aproveitar esse momento com mais calma e também se diz aberto a, quem sabe, ter mais filhos no futuro.