O ano de 2025 ficará marcado como um período de frustração para o Grêmio. Diferentemente de temporadas anteriores, em que ao menos o título estadual amenizava os problemas, o clube encerrou o calendário sem conquistas, eliminado precocemente das principais competições e apenas com um discreto nono lugar no Campeonato Brasileiro, suficiente apenas para garantir vaga na Copa Sul-Americana.
Mudança no comando técnico encerra ciclo histórico no clube
O último ano da gestão de Alberto Guerra começou com uma ruptura simbólica. Após um longo período à frente do time, Renato Portaluppi decidiu não permanecer no cargo. Para substituí-lo, o Grêmio apostou em Gustavo Quinteros, então em alta após conquistar o Campeonato Argentino com o Vélez Sarsfield, anunciado ainda no final de 2024.
Início promissor no Gauchão termina em frustração
As primeiras rodadas do Campeonato Gaúcho criaram expectativas elevadas. Vitórias expressivas contra Caxias, Monsoon e São Luiz empolgaram a torcida. No entanto, o cenário mudou radicalmente nas finais. O Internacional venceu por 2 a 0 na Arena e confirmou o título estadual com empate no Beira-Rio, encerrando o sonho gremista do octacampeonato consecutivo.
Quinteros não resiste após sequência negativa
A perda do título estadual acelerou o desgaste da comissão técnica. Pouco depois da final, uma derrota acachapante por 4 a 1 diante do Mirassol selou a demissão de Gustavo Quinteros, apenas seis partidas após a decisão do Gauchão.
Mano Menezes e Felipão assumem missão de recuperação
Diante de um início irregular no Brasileirão e de classificações sofridas na Copa do Brasil, a diretoria promoveu mudanças em abril. Mano Menezes foi contratado como técnico, enquanto Luiz Felipe Scolari assumiu uma nova função de coordenação técnica, numa tentativa de resgatar a estabilidade esportiva e emocional.
AGORA É JOGO! Preparação encerrada para o duelo deste domingo. Amanhã, é Grêmio e torcida jogando juntos pela vitória. VAMOS!
Lucas Uebel | Grêmio FBPA https://t.co/mBsdzsmI5h pic.twitter.com/uIcaztkhNl
— Grêmio FBPA (@Gremio) October 25, 2025
Eliminação na Copa do Brasil agrava crise gremista
A resposta em campo demorou a aparecer. Em maio, o Grêmio foi eliminado pelo CSA na terceira fase da Copa do Brasil, após derrota em Maceió e empate sem gols em Porto Alegre. A eliminação frustrou o planejamento financeiro do clube, que previa avançar ao menos até as quartas de final do torneio.
Ano eleitoral intensifica turbulência política no clube
Com a pausa no calendário devido ao Mundial de Clubes, o ambiente político ganhou protagonismo. Em meio ao processo eleitoral, o empresário Marcelo Marques anunciou candidatura à presidência, despertando expectativas entre os torcedores. No entanto, divergências internas e disputas nos bastidores levaram à sua desistência definitiva. O cenário eleitoral acabou polarizado entre Paulo Caleffi e Odorico Roman, que acabou sendo eleito.
PRESIDENTE ELEITO! O novo Presidente do Tricolor é Odorico Roman e ele deixou uma mensagem para a torcida. Desejamos sucesso para o novo Conselho Administrativo do Clube! pic.twitter.com/AnEqcvVzMv
— Grêmio FBPA (@Gremio) November 8, 2025
Antes de sair do processo eleitoral, Marcelo Marques protagonizou um dos movimentos mais relevantes da história recente do clube. Com recursos próprios, investiu cerca de R$ 130 milhões para retirar o Grupo Metha da gestão da Arena e eliminar penhoras sobre o estádio. Com a complementação da operação pelo próprio Grêmio, o clube passou a ter controle total da Arena pela primeira vez desde sua inauguração.
Novo ambiente na Arena não impede nova eliminação continental
A mudança na administração do estádio trouxe reflexos positivos no clima com a torcida, incluindo ações promocionais para atrair público. No entanto, dentro de campo, os resultados continuaram negativos. Em julho, o Grêmio foi eliminado pelo Alianza Lima nos playoffs da Copa Sul-Americana, após derrota no Peru e empate em casa.
Derrota para o Sport marca ponto crítico da temporada
O momento mais delicado ocorreu em agosto, quando o Grêmio perdeu na Arena para o Sport, então lanterna do Brasileirão e ainda sem vitórias. Apesar da pressão externa, a diretoria optou por manter Mano Menezes no comando.
Reforços tentam evitar risco de rebaixamento
Com o fantasma da queda rondando, a direção intensificou a atuação no mercado. Chegaram reforços experientes e decisivos, como Carlos Vinicius, Balbuena, Marcos Rocha, Arthur, Noriega e Willian. Para viabilizar as contratações e regularizar compromissos financeiros, o clube contou com um empréstimo de R$ 63 milhões de Marcelo Marques, com pagamento diluído ao longo de décadas.
Reação no clássico reacende esperança no Brasileirão
A virada de chave aconteceu em setembro, com a vitória por 3 a 2 sobre o Internacional no Beira-Rio, resultado que teve impacto direto também no rival. A partir dali, o Grêmio conseguiu somar pontos importantes e afastar o risco imediato de rebaixamento.
Lesões comprometem rendimento do elenco
Apesar da reação, uma série de lesões graves impediu o aproveitamento pleno dos reforços. Jogadores importantes ficaram afastados por longos períodos, o que limitou as opções da comissão técnica e comprometeu a regularidade da equipe até o fim da temporada.
Crise financeira se agrava e vira prioridade da nova gestão
Nos bastidores, a situação econômica se mostrou crítica. O clube precisou recorrer a novos empréstimos para quitar salários e compromissos básicos. O atraso no pagamento de vencimentos e a rescisão com a patrocinadora máster, além de punições da Fifa, expuseram o tamanho do desafio herdado pela nova diretoria.
Já sob a presidência de Odorico Roman, o Grêmio contratou a consultoria Ernst & Young para realizar uma auditoria completa. O objetivo é mapear a dívida real do clube e estruturar um plano de recuperação financeira que devolva estabilidade ao Tricolor nos próximos anos.