É malabarismo! Um ano após 7 a 1, clubes lutam para resistir

8 jul 2015 - 12h18

Os sete gols em série que eliminaram a Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 2014 expuseram ainda mais a realidade dos grandes clubes de futebol do País. Atolados em dividas volumosas, muitos deles não conseguem dar atenção especial às categorias de base, sofrem para construir um centro de treinamento e parecem cada vez mais distantes do sonho de um estádio próprio. "É um malabarismo constante para que possamos nos manter viáveis", disse o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan.

Ele lida com uma dívida aproximada de R$ 250 milhões e resiste o quanto pode para não desmanchar ainda mais o time, que é o vice-lider do Campeonato Brasileiro. No inicio do ano, o clube tricolor gaúcho vendeu Marcelo Moreno, Barcos e parte dos direitos econômicos do jovem zagueiro Gabriel Silva. "Nada mudou para os clubes nos últimos 12 meses. No Grêmio, nossa expectativa é que somente em 2017 estaremos com a situação estabilizada."

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O dirigente torce para que a MP do Futebol seja aprovada definitivamente a fim de "oxigenar" seu clube. "Nós precisamos do parcelamento para apostar na recuperação."

Romildo Bolzan Jr. (à esquerda) é o atual presidente do Grêmio
Romildo Bolzan Jr. (à esquerda) é o atual presidente do Grêmio
Foto: CBF / Divulgação

Líder no ranking dos clubes devedores - a quantia é superior a R$ 800 milhões -, o Botafogo corre atrás de certidões negativas para tentar se manter de pé. Mesmo com investimentos limitados, tem se destacado na Série B do Brasileiro e demonstra fôlego para voltar ano que vem à Série A. Mas o caminho do clube alvinegro é espinhoso, principalmente fora de campo.

Entre outros problemas, o atual presidente, Carlos Eduardo Pereira, começou o ano com a ameaça de exclusão do Botafogo da Timemania, com receitas bloqueadas e outras, futuras, já retidas. "Além disso, com o time na segunda divisão. Com esse montante de dívida, que duplicou em três anos, a credibilidade do clube fica no chão e nenhuma instituição lhe dá crédito", comentou.

Carlos Eduardo Pereira é o atual presidente do Botafogo
Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo / Divulgação

Ele concorda que um desastre da Seleção Brasileira, como o da Copa do Mundo, acaba respingando nos clubes. "Se o produto futebol é desvalorizado lá em cima, reflete claro por todos os lados. Mas aqui no nosso quintal estamos conseguindo a proeza de não comprometer o nível do futebol do Botafogo. Fomos campeões da Taça Guanabara,  vice do Carioca e vamos muito bem na Série B."

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Carlos Eduardo defende o parcelamento das dividas, com uma ressalva. O prazo de 240 meses, como consta da MP do Futebol, teria de ser mais extenso. "Mas o governo federal endureceu o jogo."

Botafogo está afundado em dívidas, mas tem feito ano decente
Foto: Vitor Silva/SSPress / Divulgação

Outro grande clube na segunda divisão, o Bahia também faz mágica para não esmorecer. Deve R$ 180 milhões, luta para ter certidões negativas de débito e condiciona parte de seu restabelecimento à volta à Série A. Não está facil, com os altos e baixos do time na competição. Fora de campo, o clube também espera uma definição do Congresso para começar a parcelar sua divida e a se organizar.

O presidente do clube, Marcelo Sant'Ana, só deslumbra uma única mudança no futebol brasileiro desde o vexame dos 7 a 1. Para ele, o torcedor tão fixado nos jogos passou a falar também dos problemas crônicos das agremiações. "Hoje, já faz parte do papo de botequim a questão financeira dos clubes, a infraestrutura, as pessoas passaram a se preocupar em debater o futebol como um todo."

Bahia novamente disputa a segunda divisão do futebol brasileiro
Foto: Marcos Rigo / Futura Press
 
Fonte: Silvio Alves Barsetti
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