Móvel, aplicado e solidário: entenda "banho tático" de Oscar em Ganso

31 mai 2012 - 19h11
(atualizado em 1/6/2012 às 09h47)

Quando Mano Menezes assumiu a Seleção Brasileira há dois anos, a camisa 10 parecia já ter dono certo na caminhada até a Copa do Mundo de 2014: Paulo Henrique Ganso. A técnica apurada, a visão de jogo excepcional e os passes perfeitos do meio-campista o credenciavam a ser o grande armador brasileiro dos próximos anos. Mas vieram os jogos contra times organizados e retrancados, e Ganso não brilhou. As seguidas lesões o fizeram perder jogos. E na última quarta-feira, na goleada por 4 a 1 sobre os Estados Unidos, outro jovem armador se mostrou capaz de cumprir o papel que Ganso sabe fazer com maestria - e, além disso, fazer as coisas que o santista não faz.

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A atuação tática de Oscar foi o grande diferencial do atleta em relação a Ganso, seu teórico concorrente pela camisa 10 do time olímpico. O meia do Internacional foi brilhante também sem a bola: no ataque, se posicionou com muita inteligência, achou espaços, se movimentou sem parar e pediu a bola; na defesa, soube o momento de avançar a marcação e roubar bolas na frente, ou de voltar para ajudar os volantes.

No ataque

A última vez em que Ganso atuou mais de meio tempo pela Seleção foi na Copa América de 2011. Na competição do ano passado, o santista foi escalado na mesma posição de Oscar diante dos EUA: meia central no 4-2-3-1. Mas contra times fechados na defesa, como Venezuela e Paraguai na primeira fase, ele pouco se movimentou, ficou longe dos volantes Lucas Leiva e Ramires, esperando um passe no pé que quase nunca chegava, e sem se mexer para sair da marcação. Com seu armador longe da bola, a Seleção dependia dos volantes para criar jogadas.

Oscar, por outro lado, foi o oposto diante dos americanos. Atuou próximo a Sandro e Rômulo, recolhendo a bola e iniciando as jogadas de trás. Quando os Estados Unidos adiantavam a marcação, Oscar procurava o espaço entre as linhas defensivas, pedia a bola e recebia com liberdade. A movimentação inteligente e constante foi o motor que fez o Brasil andar, e quase todas as jogadas passaram pelo pé dele.

Na defesa

A marcação pressão exercida pelo Brasil nos amistosos contra Dinamarca e Estados Unidos funcionou muito bem, e o time marcou gols nos primeiros minutos roubando a bola no ataque. E o destaque em ambos os jogos foi exatamente Oscar, que mostrou aplicação e fez desarmes que resultaram em bolas na rede. Com Ganso, o Brasil não tem a mesma força quando tenta pressionar o adversário, já que o santista costuma apenas "cercar".

Quando a pressão não era exercida, Oscar também mostrou inteligência e solidariedade para recuar e atuar ao lado dos volantes em vários ataques dos Estados Unidos, principalmente quando Rômulo era obrigado a ajudar Marcelo pelo lado esquerdo. O colorado jogou para o time e mostrou muita energia até ser substituído no segundo tempo.

Ganso pode jogar assim?

Ganso teve algumas atuações nesse estilo pelo Santos em 2012, voltando para ajudar a marcar, roubando bolas e chamando o jogo para armar. Porém, nunca mostrou a mesma mobilidade para iniciar a armação e aparecer na frente constantemente, como fez Oscar. E nos últimos meses, talvez pelos problemas físicos, voltou a ser um meia estático e passivo em grande parte do jogo.

Ainda assim, o camisa 10 do Santos já mostrou ter inteligência tática e disposição para ser mais que um mero passador de bolas, que não se movimenta e não ajuda defensivamente. No futebol atual, o armador de sucesso tende a ser mais parecido com Oscar do que com Ganso. Talvez as boas atuações do colorado inspirem o santista a continuar evoluindo o jogo, principalmente sem a bola, quando ele se recuperar de mais uma operação no joelho.

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Fonte: Terra
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