Clubes conversam com CBF e seguem sem atender demandas do Bom Senso

10 dez 2013 - 17h56
(atualizado às 18h31)
Saiba o que clubes discutiram com Marin em reunião na CBF
Video Player

Uma reunião ocorrida nesta terça-feira entre representantes da CBF e dos principais clubes do País discutiu as reinvindicações colocadas pelo Bom Senso FC para melhorias no futebol brasileiro. E, após algumas horas de atraso, o presidente da Confederação, José Maria Marin, e mandatários das agremiações anunciaram os tópicos discutidos - entre eles, os cartolas discordam do limite de jogos exigido pelos atletas para os clubes e ainda discutem contratos por produtividade. No fim do encontro, nenhuma das demandas do movimento foi atendida.

Os atletas, por meio do Bom Senso, já disseram que a proposta de limitar os jogos aos futebolistas não faz sentido, e pedem um calendário mais racional para os times grandes e mais partidas para os clubes menores - a maioria joga apenas por três meses durante os estaduais e depois ficam parados. Foram convidados ao encontro desta terça na CBF os dirigentes Alexandre Kalil (presidente do Atlético-MG), Alexi Portela (Vitória), Eduardo Bandeira de Mello (Flamengo), Giovanni Luigi (Internacional), João Bosco Luz de Morais (Goiás), Peter Siemsen (Fluminense), Mário Gobbi Filho (Corinthians) e Vilson de Andrade (Coritiba).

Publicidade

"Noventa porcento dos pedidos que o Bom Senso coloca estamos de acordo. O único aspecto é a questão de número de jogos para os clubes e não concordamos, achamos que têm que ser o número máximo de jogos por jogador. Os clubes têm as suas obrigações e necessidades e não podemos colocar dentro dessa obrigação um número X de partidas. O jogador sim, 64, 66 jogos por jogador é importante, mas para o clube não", explicou o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, que falou em nome das demais equipes.

"Sobre o contrato por produtividade, hoje existe remuneração da carteira e o que queremos é oficializar objetivos. Quantas partidas joga, os títulos que ganha, isso é como uma empresa. Você tem salário e bônus por objetivos. É por produtividade, inclui tudo que ele faz e traz de benefícios ao clube que presta serviços. O jogador tem contrato de R$ 50 mil e se atingir objetivos chega a R$ 200 mil dentro do índice, em um exemplo hipotético. Tem o salário da carteira que não muda, mas se atingir objetivos de produtividade aumenta o nível máximo de remuneração", continuou o dirigente.

Reunião na CBF discutiu propostas do Bom Senso
Reunião na CBF discutiu propostas do Bom Senso
Foto: Monica Garcia / Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra

Um dos principais tópicos colocado em discussão pelo Bom Senso, movimento de jogadores brasileiros que busca mudar diversos itens no futebol nacional, foi quanto ao número de partidas realizadas pelas agremiações anualmente. O grupo pede a redução dos Estaduais, por exemplo, e alega que, no País, os atletas são exigidos muito mais vezes do que grandes times da Europa, que entram em campo em menos datas, além de sugerirem o fim de jogos do Brasileiro durante as datas-Fifa. Mas a CBF e as equipes discordam.

Entre outros pontos conversados na reunião desta terça-feira foram a criação de uma legislação sobre recuperação de atletas em tratamento após lesões, a discussão de um fair play financeiro junto aos fornecedores, a limitação da comissão de empresários e agentes de jogadores e até reinvindicações de alterações na Lei Pelé. 

Publicidade

Sobre o tópico que envolve os futebolistas lesionados, Vilson Ribeiro de Andrade explicou: "o que existe no Brasil é uma legislação que não se pode cumprir. O que os clubes querem é que um seguro cubra o período de afastamento e também após esse período. Hoje os clubes bancam essa despesa, e quando termina o contrato não tem garantia. Queremos que o seguro cubra invalidez do atleta se não conseguir mais praticar futebol", definiu o mandatário.

Homenagem à Mandela e ação do "Bom Senso" marcam jogo no Rio
Video Player

Em contato com o Terra, o zagueiro corintiano Paulo André - um dos nomes fortes do Bom Senso -, avisou que jamais conversou com os clubes sobre contratos por produtividade. O defensor afirmou que irá analisar melhor o conteúdo da nota oficial divulgada pela CBF nesta terça-feira antes de se pronunciar, mas enfatizou que desconhece a proposta.

A CBF, por sua vez, avisou que o calendário de 2015 já está aprovado junto a Globo, Federações e clubes e que o Bom Senso deve reclamar junto aos seus empregadores, mas avisa "estar à disposição para discutir as questões concernentes ao formato das competições, regulamentos e modificações no calendário que sejam do interesse dos clubes".

Confira abaixo, na íntegra, comunicado divulgado pela CBF sobre o assunto nesta terça-feira:

"Tendo em vista as notícias que vêm sendo veiculadas na imprensa dando a entender que a Confederação Brasileira de Futebol tem se recusado a dialogar com um grupo de jogadores de futebol que apresentou reivindicações de diversas naturezas, a entidade maior do futebol brasileiro vem a público prestar os esclarecimentos que se seguem.

Publicidade

Desde 2003, quando pela vez primeira no futebol brasileiro foi aprovado um calendário permanente, a CBF tem dialogado com todos os segmentos do futebol com vistas a introduzir aperfeiçoamentos que atendam aos interesses de todas as partes envolvidas.

A modificação do formato de disputa da Copa do Brasil, a criação da Copa Verde e a reativação da Copa do Nordeste são exemplos de melhorias introduzidas em nosso calendário, que visaram a proporcionar maiores opções de entretenimento para os torcedores e novas fontes de receita para os clubes.

A decisão tomada no início de 2013 de arcar com todos os custos de passagem, hospedagem, arbitragem e exames de doping dos clubes que disputem as Séries C e D do Campeonato Brasileiro de Futebol, que outrora eram pagos pelos clubes, teve por objetivo permitir que tais agremiações se mantenham em atividade durante toda a temporada.

O calendário de 2015, que foi discutido e consensado com as Federações Estaduais, os clubes e a Globo, parceira televisiva do futebol brasileiro, traz avanços que não puderam ser introduzidos nos calendários de 2013 e 2014 face à realização da Copa da Confederações e da Copa do Mundo em nosso país. Este ano as competições nacionais foram paralisadas durante 30 dias e em 2014 a parada será de 40 dias. Observe-se que os jogadores que não forem convocados para integrar a Seleção Brasileira terão férias adicionais durante a Copa do Mundo.

Publicidade

A partir de 2015 as férias dos jogadores, que desde 2003 vêm sendo gozadas pelo período de 30 dias, continuarão sendo de 30 dias. Não haverá jogos pelas competições brasileiras de futebol nos meses de janeiro, permitindo assim que os jogadores tenham um prazo adequado para se condicionarem fisicamente antes do início da temporada. A cada período de 30 dias, salvo com relação aos clubes que venham a disputar as quartas de final, as semifinais e as finais da Copa do Brasil e da Copa Libertadores, os jogadores de cada clube não deverão disputar mais do que sete jogos.

Para que essas medidas, salvo com relação às férias, pudessem ser implementadas a CBF negociou, com os clubes e as Federações Estaduais, uma redução de quatro datas nos Campeonatos Estaduais já a partir de 2014.

O calendário de 2015 já estava aprovado quando um grupo de jogadores manifestou interesse em conversar com a CBF e clubes a respeito de reivindicações diversas. Este calendário atende todos os pleitos apresentados que dependem de decisões da CBF.

As questões pertinentes à relação de emprego, tais como pagamento de salários e número máximo de jogos por ano a serem disputados por cada atleta, devem ser discutidas entre clubes e seus jogadores, não cabendo à CBF interferir.

Publicidade

A CBF, entretanto, sempre estará à disposição para discutir as questões concernentes ao formato das competições, regulamentos e modificações no calendário que sejam do interesse dos clubes.

Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2013.

José Maria Marin"

Fonte: Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra Artevista Comunicação, Assessoria e Empreendimentos Culturais Ltda - Especial para o Terra
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se