A final da Copa Intercontinental contra o PSG nesta quarta-feira (17) não escapou do Flamengo por falta de futebol. Escapou por algo mais cruel e silencioso: quatro pênaltis perdidos. E, em uma decisão desse tamanho, isso não é detalhe. É sentença.
O Flamengo competiu. Encarou um adversário bilionário, campeão europeu, sem se esconder. Levou o jogo até onde deu. Empatou no tempo normal. Sobreviveu à pressão. Mas, quando o futebol deixou de ser coletivo e virou um duelo individual de nervos, a história mudou.
Pênaltis não são loteria. São preparação, convicção e cabeça fria. Quando um time desperdiça uma cobrança, pode ser azar. Quando perde duas, pode ser nervosismo. Quando perde quatro, é sintoma.
Azar, destino ou responsabilidade?
Chamar o que aconteceu de azar é confortável, mas insuficiente. Pênaltis são treináveis. Sequência de cobradores, leitura de goleiro, respiração, ritual, decisão de canto — tudo isso é trabalhado nos grandes clubes do mundo. Quando quatro cobranças são desperdiçadas, a discussão deixa de ser pontual e passa a ser estrutural.
Isso não apaga a campanha do Flamengo, nem diminui o mérito de ter chegado a uma final intercontinental enfrentando um dos elencos mais caros do planeta. Mas escancara que, neste nível, não basta competir bem durante 90 minutos. É preciso estar preparado para o pior cenário possível, porque ele quase sempre aparece.
É impossível falar disso sem considerar o contexto emocional. Pênaltis são, antes de tudo, um teste psicológico. Contra o PSG, o Flamengo teve batalhadores, mas também viveu momentos de instabilidade. O goleiro Rossi falhou em lances decisivos durante o jogo e sentiu o peso da decisão.
Do outro lado, o PSG fez o básico. Cobrou com frieza, sem pressa, sem drama. Não houve espetáculo, mas houve controle. E títulos se ganham assim.
No futebol de elite, a preparação mental é tão decisiva quanto o talento. E, nesta partida, ela separou quem voltou para casa com a taça de quem voltou com perguntas.
O Flamengo sai sem o troféu, mas não sai menor. Sai ferido, e isso pode ser bom. Porque o futebol não perdoa romantismo, nem guarda o "quase". Ele registra apenas quem venceu.
E esta final será lembrada não pelo equilíbrio do jogo, não pela coragem. Mas pelos pênaltis. Quatro deles.