O mundo do cinema despediu-se neste domingo (28) de uma de suas figuras mais lendárias. Brigitte Bardot, símbolo de liberdade e sensualidade que definiu a cultura pop do século XX, faleceu aos 91 anos em sua casa, em Saint-Tropez, no sul da França. Embora sua fama seja global, a atriz nutriu uma conexão curiosa e apaixonada com o Brasil. Mais especificamente com o Clube de Regatas do Flamengo. A saber, uma história que mistura romance, glamour e futebol em pleno Rio de Janeiro da década de 1960.
A relação de Brigitte com o Rubro-Negro nasceu durante sua primeira visita à capital carioca, em janeiro de 1964. Naquela época, a estrela vivia um romance com Bob Zagury, um franco-marroquino-brasileiro que não era apenas seu namorado, mas também um ex-atleta do clube. Zagury havia acabado de se aposentar das quadras após sagrar-se campeão pelo time de basquete do Flamengo. Tal fato inseriu a atriz francesa no universo esportivo da Gávea.
A presença de Brigitte no Rio causou um frenesi midiático sem precedentes. Assustada com o assédio constante dos paparazzi, ela permaneceu reclusa por quatro dias na casa de Zagury. Para conseguir um pouco de paz e aproveitar as férias, a atriz aceitou uma condição: conceder uma entrevista coletiva para saciar a curiosidade da imprensa. O encontro ocorreu no salão nobre do Copacabana Palace e durou cerca de 50 minutos.
Brigitte Bardot dizia torcer pro Flamengo
Foi nesse cenário, de mãos dadas com o namorado rubro-negro, que Brigitte Bardot respondeu à pergunta que a conectaria eternamente à maior torcida do Brasil. Ao ser questionada sobre qual time de futebol ela apoiava, a atriz não titubeou e disparou a frase que estampou a manchete do jornal "A Última Hora" no dia seguinte:
"Eu sou Flamengo".
A declaração não foi por acaso. O Rio de Janeiro ainda vivia a ressaca e a euforia do título carioca de 1963, conquistado pelo Flamengo em dezembro daquele ano. Ou seja, há poucas semanas antes da chegada da atriz. Aquele campeonato foi decidido no famoso Fla-Flu que detém o recorde mundial de público entre clubes, com 194.603 pessoas no Maracanã, encerrando um jejum de sete anos do clube.
Embora Brigitte tenha preferido a tranquilidade de Armação de Búzios — onde ganhou até estátua — em suas estadias posteriores e não haja registros de idas suas ao Maracanã, a frase dita no Copacabana Palace ficou marcada na história. Neste domingo de luto para a arte, a nação rubro-negra também relembra o dia em que uma das mulheres mais famosas do mundo vestiu, ainda que metaforicamente, o Manto Sagrado.
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