Sem vitórias, mas de bolso cheio: Mercedes divulga balanço de 2023

Mercedes divulga balanço de 2023 e, mesmo sem vitórias, mostra receitas recordes e lucro robusto. Isso explica a negativa por novos times

15 abr 2024 - 06h00
Equipe Mercedes em 2023: sem vitórias, mas faturando como nunca
Equipe Mercedes em 2023: sem vitórias, mas faturando como nunca
Foto: Steve Etherington / Mercedes AMG F1

Atendendo às regras britânicas, a Mercedes divulgou o seu balanço financeiro/contábil de 2023. Embora o time tenha tido um ano abaixo de suas expectativas, o documento disponibilizado mostra uma empresa extremamente saudável e porque as equipes não querem que novos times entrem na F1.

Pelo ponto de vista financeiro, as coisas vão muito bem, obrigado. A Mercedes simplesmente teve o maior faturamento de sua história: mais de £546 milhões (cerca de US$ 680 milhões ao câmbio corrente). Boa parte deste dinheiro vem da F1, mas a divisão de “Ciências Aplicadas”, que cuida de projetos especiais, como o barco da INEOS da America’s Cup, também tem participado deste bolo.

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Resultado financeiro da Mercedes em 2023
Foto: Mercedes GP / The Companies House

A própria Mercedes coloca em seu relatório que houve uma redução de 14,7% da exposição do time na cobertura televisiva em relação a 2022, mas o valor equivalente a propaganda se manteve estável em US$ 5,3 bilhões. Ou seja: se a Mercedes e os demais patrocinadores tivessem que gastar para ter a exposição nas mais diversas mídias o que a equipe proporciona, teriam que desembolsar este valor.

E tal qual a F1, um dos pontos que compensaram esta perda de exposição televisiva foi o aumento da participação nas redes sociais: aumento de 15% em seguidores e 9% no número de engajamentos em relação a 2022.

Descrição da parte de alcance dos parceiros e redes sociais
Foto: Mercedes GP / The Companies House

Da mesma forma que houve um incremento de 15% na receita, os custos aumentaram bastante. Isso se justifica principalmente pela inflação britânica, aumento de pessoal e de impostos. Por isso houve uma redução de £ 5 milhões no lucro final em relação ao ano passado, ainda considerando que houve um desembolso maior em termos de dividendos para os acionistas (£75 milhões em relação a 2022, contra £55 milhões em relação a 2021). Mesmo assim, é um valor muito considerável.

O aumento de pessoal chama a atenção. Houve um acréscimo de 175 pessoas em relação a 2022, sendo boa parte na área de “Projeto, Construção e Engenharia”. Aqui abrange tanto o time quanto à área de “Ciências Aplicadas” e deixa a brecha para que profissionais fiquem flutuando entre a F1 e as outras áreas, mesmo com as regras de Teto Orçamentário. Não é à toa que as regras foram endurecidas e as equipes terão que lançar totalmente os gastos de pessoal da F1, sem puxadinhos com “áreas e projetos especiais”.

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Quadro de evolução de pessoal da Mercedes entre 2022 e 2023
Foto: Mercedes GP / The Companies House

Os números são impressionantes e aqui mostram porque os times criam tanta dificuldade para que tenhamos novos entrantes e reduzam o bolo a ser dividido.  Se pegarmos os dados da própria Mercedes desde 2019, o crescimento das receitas vem justamente com o novo Acordo Comercial válido até 2025. Cada vez mais os times geram dinheiro e ficam cada vez menos reféns dos acionistas, gerando recursos próprios para suas operações. Não é a toa que a Mercedes cita neste balanço a reportagem da Forbes de Julho, onde a equipe foi avaliada em US$ 3,8 bilhões.

Resumo da posição financeira da Mercedes entre 2019 e 2023
Foto:

No caso da Mercedes, esta foi uma das principais ações do CEO Ola Kallenius, que ainda dividiu as ações do time: Hoje, a montadora germânica é dona de 33% da equipe, ficando Toto Wolff e o CEO da INEOS, Jim Ratcliff, com o restante. Embora a F1 seja um instrumento de marketing, a Mercedes hoje segue desembolsando basicamente o mesmo valor histórico ao longo dos anos (cerca de US$ 60 milhões/ano), mas cada vez tendo menos peso no resultado financeiro final.

Os números falam e explicam muita coisa. Este resultado mostra porque os times querem que tudo mude para que siga tudo igual...

Quem tiver curiosidade de ler o documento completo, basta acessar aqui.

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