Se esperava que os carros da temporada 2023 da F1 fossem mais lentos do que os ano passado ou pelo menos andassem no mesmo ritmo. Porém, mesmo com toda a tentativa dos técnicos da FIA, as equipes conseguem se superar e vão além.
O primeiro sinal apareceu nos testes de pré-temporada: Sergio Perez conseguiu bater o tempo marcado por Charles Leclerc para a pole-position do GP do Bahrein do ano passado. Mas o golpe derradeiro veio na classificação deste sábado: simplesmente os 7 primeiros do grid bateram o tempo do ano passado. Dúvida? Eis o comparativo abaixo.
Mas de onde veio esta diferença?
Curva de Aprendizado: Mesmo com todas as restrições de desenvolvimento e orçamento, o entendimento dos técnicos traria o ganho de desempenho. Não podemos ignorar que 2022 foi o primeiro ano de um novo regulamento técnico que alterou profundamente a filosofia de construção.
Em um cenário deste, é normal que cada equipe tenha seu entendimento das regras (embora este tenha sido o mais restritivo da história da F1) e depois verifique o que deu certo para trazer para si. E assim foi: o que mais vemos este ano é a adoção de soluções que Red Bull e Ferrari trouxeram (falamos nisso aqui)
Mesmo com as medidas que a FIA trouxe para diminuir o porpoising, especialmente o aumento de 15mm no assoalho, que tinha a expectativa de deixar os carros mais lentos cerca de 0,5s (meio segundo), não foi páreo para o exército de técnicos. Porém, a FIA liberou algumas situações para compensar parte das perdas.
Pneus: Embora os compostos sigam basicamente os mesmos de 2022, com exceção do novo C1, a Pirelli mudou a construção dos pneus. Uma das reclamações dos pilotos é que os carros saíam muito de traseira. Então os técnicos trabalharam especialmente nos pneus dianteiros, para que eles cedessem um pouco mais e deixassem a frente mais firme.
Um fator que tem de ser levado em conta: os modelos iniciais dos pneus 18” foram testados na F2 e nos modelos 2020 e 2021 modificados. Isso levou a Pirelli a ter uma abordagem bem conservadora no primeiro ano de uso. Outro ponto foi a manutenção do pré-aquecimento dos pneus em 70ºC (originalmente, a intenção era deixar em 50º C), decisão tomada após os testes nos treinos livres de Austin e México.
Todo esse caldeirão fez que a Pirelli apostasse em uma abordagem mais agressiva também com a pressão dos pneus. Já no Bahrein, os técnicos receitaram pressões mais baixa, o que permite mais aderência com o solo e mais facilidade para a borracha chegar ao ponto ideal de funcionamento.
Vimos nos testes os pneus desgastando de forma mais uniforme do que ano passado, o que permite um uso mais amplo pelas equipes para acerto de suspensões.
Motores: Como falamos em outra coluna, mesmo com o congelamento de desenvolvimento, os fabricantes trabalharam na frente da confiabilidade, janela que as regras permitem. O ganho em potência não é tão grande, porém as condições melhoram, bem como o consumo.
Com consumo e respostas melhores, mapeamentos mais agressivos podem ser usados. A Ferrari foi uma que atuou neste sentido, principalmente depois dos diversos problemas de 2022. A Mercedes também trabalhou em alguns materiais em pistões e virabrequim, para melhorar o funcionamento.
Para refrescar a memória, eis a coluna que falamos sobre os motores deste ano.
Estes foram os três fatores primordiais para que houvesse este salto de desempenho de um ano para o outro. Com base nas voltas mais rápidas de cada equipe, podemos ver que todos os times evoluíram em relação a 2022. A ver o que acontece ao longo da temporada. Afinal, estamos na primeira prova de 2023....