Monaco sempre chama a atenção pelo esforço que os pilotos têm que fazer para poder fazer tempos rápidos. E depois do que vimos em Imola, com a Red Bull sendo devidamente acossada por Ferrari e principalmente McLaren, a expectativa aumentou para este final de semana.
Nesta sexta, vimos os prognósticos em relação à Ferrari se concretizarem, com Leclerc sendo P2 no Treino Livre 1 e liderando os trabalhos no TL2. Quem chamou a atenção nesta sexta foi a Mercedes: em uma pista em que o acerto mecânico se sobressai, o W15 mostrou um bom desempenho e permitiu que Hamilton e Russell fizessem um bom trabalho.
A McLaren, que chegou com uma homenagem à Ayrton Senna para esta prova, contava que andaria na frente, a despeito de uma dificuldade do MCL38 em se adaptar a pistas de baixa velocidade. No primeiro treino, Piastri ficou em P2 e Norris em P4. À tarde, no TL2, o ajuste não foi tao fino e Norris foi P5 e Piastri ficou em P12. Porém o jovem australiano não usou os pneus macios....
E a Red Bull? Vimos os carros com programas diferentes, com Verstappen trabalhando mais com os jogos mais duros e Perez trabalhando com os médios. Os macios foram usados bastante no TL2. Mas mesmo assim, vimos os pilotos não conseguindo andar rápido e era nítida a dificuldade de Verstappen em lidar com as curvas fechadas de Monaco.
Temos que lembrar que as equipes fazem uma série de ajustes específicos para Monaco: uma geometria de suspensão dianteira diferente para permitir que os carros possam lidar melhor com as curvas e mudanças de direção bruscas da pista, além dos braços reforçados. Além disso, é usado o aerofólio com a maior carga aerodinâmica possível e a altura em relação ao solo tem de ser maior por conta das ondulações.
Esta combinação faz que os pilotos tenham dificuldade para pilotar, ainda mais em um carro que depende do efeito solo para gerar pressão aerodinâmica. A necessidade de suspensão que oscila pouco e andar mais próximo do chão fazem com que a Red Bull acabe sofrendo mais aqui. Lembram-se de Singapura 2023? É a mesma coisa, só que um pouco pior.
Junte a isso também a dificuldade de aquecimento de pneus do RB20 e um asfalto liso...Não é à toa que Max Verstappen já deu declarações de que a Ferrari é favorita para a classificação e para a corrida. Não é um mero discurso para empurrar a responsabilidade para a concorrência. Embora ainda haja espaço para melhoria, uma pole de Verstappen hoje seria muito mais mérito do piloto do que do carro.
Por este aspecto também que se explicam os bons tempos da Mercedes e o terceiro tempo de Alonso no TL2. Em suma, a Ferrari sai na frente para poder ter um bom resultado na classificação (o acerto feito para poder usar melhor a boa tração do SF24 e o uso da energia das baterias foi primordial). Mas, pelo menos nesta sexta, Leclerc se sentiu mais à vontade do que Sainz. O fator andar em casa fala alto...
