Principal nome entre as paratletas velocistas da categoria T11 (cegueira total), a mineira Terezinha Guilhermina conquistou nesta quinta-feira seu segundo ouro no Mundial Paralímpico de Atletismo, em Lyon. Depois de vencer os 100 m, ela foi campeã dos 400 m com um tempo de 56s56, o recorde da competição e sua segunda melhor marca na prova - a brasileira é dona do recorde mundial, 56s14.
Terezinha correu com o guia Wendel Santos, também conhecido como Pirulito, que substituiu Guilherme Santana, fora por lesão. A brasileira dedicou a vitória à amiga Adriele de Moraes, paratleta da classe T20, que tem deficiência intelectual e terminou na quinta colocação do salto em distância. A mineira correu com um penteado similar ao que a colega usa e prometeu lhe dar a medalha de ouro.
"Queria correr essa prova de qualquer jeito, ela faz todo o sentido para mim. Fiz um look novo para homenagear a Adriele. Eu a conheci aqui e ficamos amigas, ela que faz minhas unhas. Mais do que manicure, ela me ensinou a ser um ser humano melhor nesses últimos dias. Adriele, você merece mais do que uma medalha de ouro", disse Terezinha.
"Ela é inocente, simples. É carinhosa, atenciosa. Quando me vê, faz questão de me guiar em todos os lugares. Acho que até o Guilherme quase perde o posto para ela. Toda vez que alguém vem me guiar ela diz 'você vai roubar minha cega'. É muito linda. Fiz o cabelo igual ao dela e vou lhe dar a medalha", avisou a paratleta.
Após a prova, Terezinha sentiu muito o cansaço e precisou se agachar por alguns instantes para se recuperar. "Eu sempre tento o suicídio nos 400m. Um dia eu morro na distância. Estou no último ano da faculdade, mas no ano que vem me formo e será mais fácil treinar para os 400 m", avisou a mineira, que estuda psicologia.
*O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.
