UE e Canadá criticam protecionismo em pacote de Obama

3 fev 2009 - 09h54

A União Européia (UE) e o Canadá alertaram nesta segunda-feira que uma cláusula do pacote de recuperação econômica proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pode levar a mais protecionismo por parte do país.

A cláusula em questão é conhecida como "Buy American" (compre produtos americanos, em tradução livre) e procura assegurar que apenas ferro, aço e manufaturados produzidos nos Estados Unidos sejam usados em projetos de construção contemplados pelo pacote.

O embaixador da UE em Washington, John Bruton, criticou a medida e afirmou que ela mandaria um mau sinal para o mundo.

"Se a primeira legislação importante que Obama assinar como presidente for em parte protecionista, isto não mandará uma boa mensagem", disse Bruton ao jornal

Financial Times

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Em uma carta para os líderes do Senado dos Estados Unidos, o embaixador do Canadá em Washington, Michael Wilson, afirmou que, se a cláusula estiver no pacote aprovado, abrirá um precedente negativo com repercussões globais.

"Os Estados Unidos perderão a sua autoridade moral de pressionar os outros (países) a não adotarem medidas protecionistas", diz Wilson na carta, segundo a rede de TV canadense CBC.

Já o ministro do Comércio Exterior canadense, Stockwell Day, afirmou que seu país espera ser excluído de qualquer medida do tipo, que, segundo ele, poderia levar a uma depressão global.

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"Estas medidas protecionistas, em uma hora de recessão, só pioram as coisas", disse à rede CBC.

"Isto poderia causar medidas de retaliação, e nós não queremos fazê-lo", afirmou Day.

Brasil

Na semana passada, o governo brasileiro também criticou a cláusula de preferência por produtos americanos no projeto de pacote de Obama.

"Eu li que o presidente (dos Estados Unidos, Barack) Obama tomou uma decisão de que, nos novos investimentos deles, devem usar só aço da siderúrgica americana. Se isso for verdade, é um equívoco. O protecionismo nesse momento vai agravar a crise, não resolvê-la", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista no Fórum Social Mundial, em Belém, no Pará.

A cláusula também recebe oposição de membros do Partido Republicano nos EUA.

Por causa das críticas, a Casa Branca afirmou que está revisando esta parte do pacote, embora o vice-presidente, Joe Biden, tenha afirmado na semana passada que considera legítimo que parte da cláusula "Buy American" esteja no plano.

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Obama pediu nesta segunda-feira pressa ao Senado pela aprovação do pacote.

O plano de mais de US$ 800 bilhões foi aprovado na semana passada pela Câmara dos Representantes e agora será analisado pelo Senado, onde sua aprovação é quase impossível sem o apoio dos republicanos.

O líder dos democratas no Senado, Harry Reid, afirmou esperar que o plano seja votado ainda esta semana.

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Fonte: Invertia Invertia
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