Summit Agro: Brasil tem condições de triplicar produção de alimentos sem desmatamento ilegal

Durante evento organizado pelo Estadão, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, afirmou que algumas narrativas tentam colocar o agronegócio brasileiro numa situação desconfortável

8 nov 2023 - 12h51
(atualizado às 14h16)

O Brasil pode triplicar a produção de alimentos sem desmatamento ilegal, diz o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR). Na abertura do Summit Agro Estadão 2023, promovido em São Paulo, ele afirmou que o agronegócio precisa enfrentar e se adaptar à guerra de narrativas que coloca o setor brasileiro em "situação desconfortável".

Ele defendeu o trabalho da Embrapa que, segundo ele, foi atacada na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no último domingo. "Fiz questão de participar desse evento porque estou extremamente convencido de que vivemos essa guerra. Os grandes concorrentes estão apontando os dedos para nós para incutir regras e criar dificuldades na nossa produção", afirmou.

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Segundo Lupion, o Brasil tem realidades regionais distintas e enfrenta problemas de um continente, não de um país. Ele lembrou o excesso de chuvas no Sul, a seca no Norte, com dificuldade de escoamento pelos rios. Em contrapartida, o Brasil é único lugar do mundo capaz de triplicar a produção de alimentos para atender demanda, afirmou. "Podemos triplicar produção de alimentos no Brasil sem desmatamento", disse.

Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar de Agropecuaria (FPA), durante o Estadao Summit Agro 2023
Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar de Agropecuaria (FPA), durante o Estadao Summit Agro 2023
Foto: Marcelo Chello/ESTADÃO / Estadão

Ele afirmou ainda que não existe no mundo nenhum mercado de carbono que o agro faça parte. "Cabe aos pensadores do nosso setor, à academia e aos institutos de pesquisa fazer isso. Temos a necessidade de ter um mercado de carbono que o agro possa participar", afirmou. "Ninguém é mais interessado na proteção ambiental do que o produtor rural", afirmou.

Lupion ainda destacou o crescimento do mercado de bioinsumos, que também precisa ser regulamentado. Segundo o deputado, o Brasil "capitaneia essa discussão" e, por isso, pode sair na frente.

Transição energética

O secretário executivo de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Edson Fernandes, afirmou que há ações importantes em curso envolvendo a transição para uma energia limpa no Brasil. "A transição energética está caminhando, mas precisa ser acelerada e fortalecida."

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O Estado de São Paulo trabalha no desenvolvimento de eixos verdes. "O governo de São Paulo criará condições e ambientes favoráveis de incentivo para que novos eixos sejam construídos", afirmou, destacando os esforços do governo estadual para acelerar e fortalecer projetos que já estão sendo discutidos de energia verde com maior uso de biometano.

Durante a fala, ele criticou a legislação da União Europeia, afirmando que o bloco pretende criar dificuldades para o agronegócio brasileiro, "competitivo e limpo". "O agro brasileiro não é produzido na Amazônia", afirmou. "Isso é uma neura que se vende lá fora."

Produtividade sem desmatamento

O diretor de jornalismo do Grupo Estado, Eurípedes Alcântara, disse, na abertura do Summit Agro Estadão 2023, que o Brasil vive um crescente aumento de produtividade sem desmatamento e que essa realidade precisa ser demonstrada para os parceiros comerciais do País. "Em muitos aspectos nós já temos legislação ambiental mais restritiva e avançada do mundo, mas, na maioria dos casos, o agro sustentável brasileiro já está mais avançado que o legislador", afirmou.

De acordo com Alcântara, a produtividade e a produção sustentável do Brasil incomodam os mercados externos, que tendem a impor barreiras comerciais ao País. "As pressões vindas de fora só tendem a aumentar", afirmou. "Temos o desafio de mostrar à União Europeia que nossas commodities não vêm de áreas desmatadas na Amazônia".

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Ele ainda destacou os desafios internos como a logística e a estocagem insuficiente para o armazenamento de grãos, que o Brasil precisará enfrentar para continuar a ser referência de produção.

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