A transição de MEI para ME é um marco de crescimento que exige planejamento contábil, maturidade emocional e suporte técnico, impactando positivamente a economia pela geração de empregos e fortalecimento fiscal.
O crescimento de um pequeno negócio pode ser motivo de comemoração — mas também de atenção. Para muitos microempreendedores individuais (MEI), alcançar novos patamares de faturamento significa enfrentar a transição para Microempresa (ME), um processo que envolve mudanças tributárias, exigências legais e uma nova postura à frente da gestão. Segundo pesquisa do Sebrae em parceria com a FGV, 63% dos MEIs demonstram otimismo com seus negócios ao longo deste ano, o que reforça a importância de se preparar para que esse avanço não traga surpresas.
Para a contadora Luana Bispo, líder contábil da Agilize Contabilidade, esse momento precisa ser interpretado como uma virada de chave no modelo de gestão. "Quando o faturamento ultrapassa os R$ 81 mil por ano, ou quando o empreendedor deseja contratar mais de um funcionário ou expandir para atividades não permitidas ao MEI, o reenquadramento se torna inevitável. Mas ele também deve ser planejado para evitar custos retroativos e falhas fiscais."
Essa transição, no entanto, nem sempre é vivida com tranquilidade. Para a psicóloga e psicanalista Karine Pithon, trata-se de um processo que exige não apenas adaptação técnica, mas também uma reestruturação subjetiva. "Não é apenas uma mudança de categoria jurídica, é uma mudança de identidade. Crescer demanda maturidade emocional, abertura para delegar, revisão de crenças sobre controle, perfeccionismo, merecimento e sucesso."
Do ponto de vista legal, a principal diferença está no modelo de tributação. "Ao se tornar ME, o empreendedor ingressa no Simples Nacional com tributação progressiva por faixas de faturamento. Além disso, passa a ser obrigado a emitir nota fiscal para pessoas físicas, entregar obrigações acessórias e manter controle contábil mais estruturado", explica Luana.
Para evitar erros, ela recomenda monitoramento mensal do faturamento, documentação atualizada e apoio contábil desde o início do processo.
Mas e quanto ao peso simbólico de "virar empresa"? Segundo Karine, é nesse ponto que surgem medos inconscientes: "Medo de fracassar, de não dar conta das novas exigências, de perder a liberdade inicial do MEI. Muitos empreendedores internalizam cobranças antigas, escutam vozes críticas do passado. Por isso, é importante atravessar essa fase com autoconhecimento e apoio".
Nesse cenário, a contabilidade online tem desempenhado um papel relevante ao simplificar processos burocráticos e garantir conformidade fiscal. Para Luana Bispo, a transição do MEI para ME pode ser conduzida com mais segurança quando o empreendedor conta com suporte especializado e acesso a ferramentas que organizam o fluxo financeiro e facilitam a tomada de decisão.
Karine complementa: "Profissionalizar não é o oposto de liberdade, é justamente o que permite que o empreendedor se dedique ao que sabe fazer melhor. Crescer exige um ego fortalecido e um inconsciente minimamente escutado. O futuro do negócio depende de como o empreendedor se posiciona diante de si mesmo".
Além de impactar diretamente a trajetória dos empreendedores, a transição de MEI para ME também tem reflexos significativos para a economia brasileira. De acordo com o Caged, apenas nos quatro primeiros meses de 2025, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 546.833 contratações formais — cerca de 60% do total de vagas com carteira assinada geradas no período.
Esse desempenho reforça o papel central dessas empresas na geração de empregos e na recuperação econômica do país. Ao avançar para um novo regime tributário, os empreendedores ampliam sua capacidade de investir, contratar e contribuir com uma arrecadação mais robusta, fortalecendo tanto o mercado local quanto a sustentabilidade fiscal nacional.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
