BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira, 26, que combater a desigualdade é retomar a capacidade de se indignar com as "coisas ao redor". Ele discursou durante a cerimônia de sanção da lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Lula afirmou que seu objetivo é permitir igualdade de oportunidades para as populações excluídas: "Não quero tirar filho da classe média da universidade e pôr o negro, quero que o negro tenha a oportunidade que nunca teve".
O presidente disse que não seria um bom dirigente caso não tivesse a sensibilidade para ver quem está na miséria. Segundo ele, os mais pobres são invisíveis porque a elite os torna assim e que será o consumo da população que fará a economia crescer.
"Mesmo que você seja eleito para governar para todos, você tem que escolher quem é que precisa do Estado", declarou. "Se o pobre consumir mais, o rico vai ficar mais rico. Ele vai vender mais carne, mais roupa, mais carro", completou.
O presidente afirmou ainda é preciso repensar a jornada de trabalho 6 por 1 e também a tributação sobre participação de lucros e resultados. Ele afirmou, entretanto, que quando se está no governo é preciso fazer concessões. "A gente não pode continuar com a mesma jornada de trabalho de 1943. Isso não é possível, os métodos são outros, a inteligência foi aprimorada", afirmou.
Para ele, os pobres não querem muitas coisas, apenas seus direitos constitucionais: "Quer garantia de que vai ter comida, estudo, moradia, emprego".
Ele disse que fez campanha contra a robotização de fábricas na década de 1980 porque, quanto mais tecnologia, menos pessoas terão emprego. Isso será um problema a ser gerido pelo ministro da Fazenda.
Por fim, ao falar da dívida que o Brasil tinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu ministro da Fazenda, Pedro Malan, a quem chamou de "competentes" e "pessoas sérias".