Entrar no mundo notoriamente competitivo do luxo e da moda sempre foi um mistério. No entanto, se você não tem um ego inflado ou motivações de curto prazo, já está um passo à frente - pelo menos de acordo com a diretora de Pessoas da Chanel. A casa com 115 anos de história pode ser sinônimo de herança e singularidade, mas, em sua primeira entrevista exclusiva, a CPO (Chief People Officer) e COO (Chief Operating Officer) da marca, Claire Isnard, afirma que a marca está mais interessada em quem são os candidatos do que de onde eles vêm.
"Ao buscarmos talentos, a primeira coisa que observamos é a personalidade. Sabe, os valores", disse Claire à Fortune. "A prioridade é a personalidade e o ajuste à cultura. Eles vão se adequar aos nossos altos padrões de excelência, integridade, colaboração e visão de longo prazo?"
Os 3 sinais de alerta
A diretora é categórica sobre quem não tem espaço na empresa. Se os candidatos apresentarem estes três traços, são rejeitados:
- Egos inflados
- Desejo de trabalhar sozinhos (falta de colaboração)
- Mentalidade de "mercenário" (foco apenas no curto prazo)
A segunda característica que ela busca é a mentalidade de aprendizado. As habilidades técnicas (skills), segundo ela, vêm por último. "Mas as outras duas são absolutamente necessárias." Ao contrário de muitos concorrentes, Claire enfatiza que a Chanel não seleciona talentos de apenas "uma ou duas" escolas de elite. Em vez disso, a empresa recruta intencionalmente de uma ampla gama de origens para garantir uma mistura diversificada de perspectivas na sede.
Como a Chanel testa a personalidade
Claire não recorre a "testes furtivos da xícara de café" ou perguntas capciosas para avaliar o caráter. Em vez disso, ela ouve atentamente como os candidatos narram a própria trajetória. "Eu sempre pergunto: qual é a sua história? O que moldou você? O que te ajudou a se tornar a pessoa que você é hoje?", revela. A partir daí, ela busca autenticidade, especialmente sobre como o candidato lidou com contratempos. "Você percebe se a pessoa aprendeu com o fracasso, se é vulnerável o suficiente para contar que teve um momento difícil ou não."
Se as respostas forem superficiais, ela busca ir mais fundo, pedindo que descrevam como os outros os veem e como reagiram aos feedbacks recebidos. Para a diretora da Chanel, a forma como alguém conta sua história revela se a pessoa consegue admitir falhas, lidar com os altos e baixos inevitáveis da vida e dar a volta por cima.
Outro sinal revelador de que o candidato é uma "boa pessoa" (e não apenas alguém querendo ostentar o nome da marca no LinkedIn) é se ele faz perguntas. Segundo a executiva, o interesse real na função, além do prestígio da marca, é fundamental. "Há quase um apego emocional a esta marca. É por isso que você precisa ir fundo."
Tendência global: o fim do 'corporativismo' excessivo?
A busca pela personalidade não é exclusividade da Chanel. CEOs da Duolingo e da Eventbrite também são entusiastas desse modelo. A empresa Hogan Assessments informou à Fortune que os testes de personalidade estão em alta porque os chefes estão priorizando a qualidade sobre a quantidade. Isso pode ser uma boa notícia para os trabalhadores mais jovens. A CEO da Sweet Loren's, por exemplo, aplica testes de personalidade e não contrata quem for "corporativo demais" - um empurrão não planejado para a Geração Z, que tende a ser mais empreendedora que as anteriores.
A CEO da Eventbrite, Julia Hartz, analisa as personalidades para ajudar a reduzir preconceitos no recrutamento. Essa mudança ocorre em um momento em que milhões de jovens da Geração Z enfrentam o desemprego. No Reino Unido, por exemplo, houve mais de 1,2 milhão de candidaturas para menos de 17 mil vagas de recém-formados no ano passado. Nesse cenário, focar na personalidade pode equilibrar o jogo, valorizando quem o trabalhador é, em vez de apenas onde ele estudou.
Algumas empresas estão contratando puramente pela vibe: "Buscamos pessoas que se divirtam trabalhando", disse Luis von Ahn, CEO da Duolingo. Para a Geração Z - muitos dos quais se autodenominam "diretores de vibe" das empresas - essa abordagem traz esperança de resgatar a alegria no escritório em meio a demissões em massa e determinações rígidas de retorno ao modelo presencial.
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