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É natural ceder, se forçar a barra corre risco de não aprovar Previdência, diz Bolsonaro

14 jun 2019 - 11h36
(atualizado às 14h39)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que confia na aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso, e que considera natural ceder para conseguir apoio ao texto, dizendo que se "forçar a barra" há um risco de não aprovar a proposta.

Presidente Jair Bolsonaro
13/06/2019
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro 13/06/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Adriano Machado / Reuters

"É natural ceder para aprovar o que é possível", disse o presidente, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, ao destacar que tem conversado sobre essa questão com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

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"Se forçar a barra, o risco é de não aprovar nada", reforçou.

Bolsonaro lembrou que o parecer da reforma da Previdência, apresentado na véspera na comissão especial pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), retirou as mudanças feitas pelo governo no pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural e a extensão das novas regras a Estados e municípios. Outro ponto importante excluído foi a previsão do regime de capitalização.

O presidente disse que há governadores que querem aprovar a reforma com a inclusão dos Estados, mas que não contam com o apoio das respectivas bancadas de parlamentares federais. Ainda assim, ele frisou que o interesse é a aprovação das mudanças em regras previdenciárias que atingem a União.

"Nosso foco é a União. Se puder resolver Estados e municípios, tudo bem", disse, ao avaliar que a "bola está com o Legislativo" e que os Poderes são independentes.

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O presidente afirmou que acredita na aprovação da reforma, mas preferiu não fazer prognósticos sobre o número de votos que o governo tem. Ele disse que não acredita em "contagem de votos" e os parlamentares também não -- numa referência a pesquisas feitas com parlamentares no momento sobre o apoio ou não à proposta.

Com as mudanças feitas pelo relator na proposta da Previdência, o impacto fiscal previsto com a reforma em 10 anos ficou em 1,13 trilhão de reais, sendo 913,4 bilhões de reais em economia de despesas e 217 bilhões de reais com uma receita decorrente do fim da transferência de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o BNDES.

O objetivo do governo e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é votar a reforma no plenário da Casa antes do recesso parlamentar, que tem início na segunda quinzena de julho.

Bolsonaro afirmou ver com "naturalidade" a greve convocada por centrais sindicais para esta sexta-feira contra a reforma da Previdência e o contingenciamento de recursos na educação. Ele disse que, desde que se candidatou, sabia que iria passar por esse tipo de situação.

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O presidente destacou que, após a aprovação da Previdência no Congresso, o governo quer levar adiante a proposta de reforma tributária e o pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

SANTOS CRUZ

Bolsonaro também comentou a demissão do general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz da Secretaria de Governo, disse ter chegado a uma "separação amigável" quando tomou a decisão na véspera. O presidente admitiu que houve "alguns problemas" com ele à frente do posto.

Uma das principais queixas que se tinha em relação a Santos Cruz era do trânsito com o Congresso. Ainda assim, ele considerou que o general da reserva "cumpriu sua missão".

"Não adianta esconder, alguns problemas aconteceram. Chegou a um ponto de separação amigável e continua no meu coração", disse Bolsonaro, acrescentando que ofereceu a Santos Cruz seguir no governo em outro cargo, mas ele não aceitou.

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O presidente afirmou que o novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, tem como "vantagem" em relação a Santos Cruz o fato de ter sido assessor parlamentar por dois anos.

Bolsonaro fez questão de destacar novamente que o governo busca aprovar propostas na base do convencimento e não no oferecimento de cargos a políticos. "Nosso ministério é técnico", frisou.

O presidente também admitiu que o filho Carlos Bolsonaro, que é vereador no Rio de Janeiro, é imediatista em querer soluções para determinadas demandas e que às vezes exagera nas críticas.

"Está contido esse ímpeto por parte dele", disse o presidente, ao destacar que conversa com seu filho, mas não segue tudo o que ele fala.

Bolsonaro disse que deve muito respeito ao ideólogo Olavo de Carvalho por "abrir a cabeça" de pessoas contra o avanço da esquerda do país, mas afirmou que, embora tenha recebido influência de Olavo em relação às ideias do governo, só falou com ele duas vezes desde que assumiu.

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DESEMPREGO E LULA

O presidente disse não ter cometido nenhum "erro mais grave" à frente do comando do país e ressaltou o que considera um grande acerto do seu governo, mudar a forma de se relacionar com o Congresso.

Sobre o elevado desemprego do país, ele avaliou que há uma deficiência educacional e que as pessoas não estariam qualificadas para trabalhar.

Na maior parte do encontro, Bolsonaro esteve descontraído e fazendo piadas. O momento em que ele mais se exaltou --assim como auxiliares diretos-- ocorreu após ter sido questionado sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter duvidado, em entrevista na véspera concedida na prisão, sobre se o presidente foi mesmo alvo de um atentado à faca na campanha eleitoral.

Bolsonaro disse que não tem de dar "satisfação a esse cara" e cutucou: "Se a facada fosse na barriga do Lula, sairia muita cachaça com certeza".

O presidente devolveu ainda a pergunta e questionou quem matou o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) em 2002. "Alguém acha que eu teria grana e influência para armar isso?", questionou sobre o atentado cometido por Adélio Bispo de Oliveira.

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Exaltado, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, chamou de "canalhice" a fala de Lula e defendeu a prisão perpétua a um ex-presidente que tenha cometido crimes.

Bolsonaro defendeu ainda que o Supremo Tribunal Federal mantenha o entendimento sobre a execução da pena após condenação confirmada em segunda instância. Uma mudança no entendimento do STF poderia beneficiar o ex-presidente.

"Se mexer na segunda instância, é um convite a que as pessoas não respeitem a lei", disse.

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