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Cimed aposta em gestão familiar para dobrar de tamanho: 'Governança já está preparada', diz CEO

Farmacêutica comandada por João Adibe tem sete familiares em cargos estratégicos, inclusive no conselho, aguarda 'janela' para vender ações e vê sucessão 'sem fórmula secreta'

5 dez 2025 - 15h10

O crescimento da Cimed, uma das maiores farmacêuticas do País, está fortemente ligado ao sucesso da governança familiar na empresa, na avaliação de seu CEO, João Adibe, em entrevista ao Estadão. A perspectiva vem não só pelo fato de o executivo ter dado continuidade ao comando da companhia dos pais, como também ter encaminhado a terceira geração da família para a gestão, sem competir entre si e, nas palavras dele, "jogando o jogo juntos".

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Além dele, mais sete membros da família estão em cargos estratégicos, incluindo postos no conselho. Os filhos, Adibe Marques (diretor comercial e conselheiro), Esther Marques (analista de marketing e ESG) e Bruna Marques (analista de marketing), estão na lista. Os sobrinhos, Juliana Felmanas (diretora de inovação e conselheira), Pedro Felmanas (gerente executivo de marketing) e Eduardo Felmanas (gerente de marketing esportivo e varejo hospitalar), completam o time. Estes últimos são filhos de Karla Felmanas, vice-presidente da companhia e irmã de João Adibe.

"Tentamos levar as coisas boas do nosso negócio para dentro da nossa casa, porque o ambiente de trabalho, dependendo da tensão, contamina. Só que toda vez que estamos juntos tentamos ser complementares nos papéis. E isso gera uma potência. Nós não concorremos em família, nós somamos em família", diz Adibe.

No conselho de administração, vocês já contam com membros independentes. Como é o diálogo e o alinhamento cultural entre esses profissionais externos e os membros da família?

Super-respeito. Os rituais são superorganizados. Em empresa familiar, você só bota uma governança se você quer. Nós quisemos. Só que eu quero ter um conselho que eu aprenda com ele, que o conselho me mostre se tem alguma coisa que está errada. Eu não quero ter conselho para "bater palma". Quero ter conselho para mostrar as oportunidades ou os erros.

Muitas vezes se vê uma resistência em trazer pessoas externas em uma empresa familiar que possam criticar, por exemplo…

Ninguém gosta de ser criticado. Ninguém gosta de pedir uma rota de correção. Aqui a empresa é aberta. Independente da área, adoramos que as pessoas sejam participativas. Se eu faço isso dentro de uma área, porque não posso fazer isso no conselho, no qual há pessoas com talvez com experiência muito maior do que a que eu tenho hoje, com exemplos de outras empresas, fazendo com que dessa conexão se traga uma solução?

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Há uma questão que tem relação com o conselho mais aberto, que é a Cimed ter a intenção de abrir capital na B3, sobre a qual o sr. já vem falando há um tempo…

A empresa se transformou em uma S.A. em 2022, a partir do momento em que começamos a nos apresentar para o mercado com uma visão completamente diferente. Ela começou a divulgar os seus números, e, automaticamente, começamos a aprender a falar com o mercado, porque tudo é um aprendizado. "Mas vocês são de capital fechado, por que vocês falam com o mercado?" Justamente porque, a partir do momento em que o mercado começa a atender quem é a Cimed, as portas vão abrindo. Entrou um fundo soberano dentro da nossa sociedade, e já credibilizou, já comprovou que eles aceitaram a governança que fazíamos. Então, se você perguntar para mim se a empresa está preparada para abrir capital? A hora em que eu quiser. Tudo depende da janela. Simples, prático e direto.

Qual janela o sr. está esperando?

Negócio bom, mercado que cresce, óbvio que a janela ajuda. Só que não adianta querer fazer uma abertura de capital, se eu não tenho um plano para crescer. Dentro do plano da nova era, que é dobrar a empresa, com a entrada do fundo soberano, já estamos preparados. Só que, se aparecer nesse meio tempo outras operações, já podemos abrir o capital para resgatar e avançar, que é o que eu quero. A Cimed tem total potencial para ser no futuro uma consolidadora do mercado. Esse é o nosso plano. É ambicioso? É ambicioso. Mas, através do nosso modelo de negócio, da nossa governança, do nosso potencial, porque não se mostrar para o mercado diferente? Zero problema.

Em termos de estrutura de governança, a empresa está preparada também para a chegada de novos acionistas que talvez possam querer modificar alguns cargos?

Só faz se você quer. A partir do momento que falarmos que vamos (abrir capital), é porque já está definido. Zero estresse. Zero problema. Trabalhar em família em uma sociedade é muito mais difícil. E no que nós somos bons é nisso.

Mas as pessoas estão preparadas, caso seja necessário, para talvez sair desses cargos?

As pessoas se preparam para isso, é o contrário. Antes de você querer fazer, você tem que se preparar para fazer. Então, é tudo um aprendizado. Vamos passando certinho os rituais, os valores, as cobranças, o orçamento. O investidor que vier aqui investir na Cimed, é o dinheiro dele, é uma responsabilidade grande. Não é o meu dinheiro. Se não der certo, ele vai me cobrar. (Ele) está acreditando naquilo que eu estou falando, no modelo de negócio que eu fiz. Vamos nos preparar.

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