Carros de luxo do humorista Nego Di serão leiloados após determinação judicial, em meio a investigação por crimes como estelionato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
Dois carros de luxo do humorista e ex-BBB Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, serão leiloados nesta quarta-feira, 5, após determinação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). Somados, os veículos são avaliados em pouco mais de R$ 500 mil e fazem parte de um processo de alienação de bens contra o influenciador.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Os veículos foram divididos em dois lotes, que serão leiloados nesta quarta, às 14h, por lance igual ou superior ao da avaliação. Caso não haja interessados, eles vão a leilão novamente na próxima quarta-feira, dia 12, no mesmo horário, pela melhor oferta apresentada.
Mas há uma observação de que não será aceito preço vil - expressão que se refere a lances muito baixos em um leilão, geralmente menos da metade do valor de avaliação.
O processo de alienação de bens está em segredo de justiça. No entanto, o Terra conseguiu confirmar que os veículos são de Nego Di após uma pesquisa no Supremo Tribunal de Justiça (STF).
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a finalidade do processo "é preservar o valor dos bens, uma vez que é notória a desvalorização dos veículos decorrente do trâmite processual, sofrendo a depreciação natural do tempo e, também, da precariedade da manutenção".
Nego Di e a esposa, Gabriela Vicente De Sousa, entraram com agravo em recurso especial contestando a decisão da 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. Para o TJRS, porém, a alienação antecipada é uma garantia também ao acusado, "já que em caso de eventual absolvição ou prescrição, o denunciado receberá o valor do bem corrigido; e em caso de condenação, o numerário será destinado em favor do Estado".
O Terra não conseguiu contato com a defesa de Nego Di para comentar a decisão do leilão.
Os bens são:
- Lote 1 - veículo RAM Classic Laramie, ano 2022, cor vermelha, em excelente estado de conservação e blindagem Casco nível III-A, avaliado em R$ 245.583,90.
- Lote 02: Veículo Range Rover Velar 2.0 P250 R-Dynamic SE, ano 2018, cor branca, em excelente estado de conservação, avaliado em R$ 263.268,00.
Como participar do leilão
Os interessados em dar lances no leilão desta quarta precisam efetuar o cadastro na plataforma www.trevisanleiloes.com.br com antecedência mínima de 4 horas (ou seja, até 10h), mediante a apresentação dos documentos lá exigidos como condição para aprovação.
Os cadastrados e habilitados para o leilão estarão aptos a ofertar lances no leilão por meio eletrônico - online no site do Leiloeiro, devendo respeitar a ordem de fechamento do primeiro lote para abertura do segundo lote.
Iniciando o leilão, após o 1º minuto haverá a primeira martelada (dou-lhe uma), momento em que inicia a contagem de mais 1 (um) minuto para que haja a segunda martelada (dou-lhe duas), e, não havendo novo lance pelo próximo minuto haverá a terceira martelada com a declaração de Lote Vendido.
Sobrevindo qualquer lance antes da terceira martelada (lote vendido), e para que todos tenham nova oportunidade de lance, o sistema retorna ao início devendo novamente haver as 03 (três) marteladas, com o mesmo intervalo de tempo entre cada (1 minuto), para que seja declarado Vendido.
Investigação contra Nego Di
Nego Di e a esposa foram denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso, além de contravenção penal de promoção de loterias na modalidade de rifas digitais.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPRS apurou que o humorista obteve, por meio de rifas ilícitas, cerca de R$ 2,5 milhões, referentes a mais de 300 mil transferências bancárias.
Na denúncia de estelionato, o órgão diz que o influenciador teria promovido, de forma fraudulenta, a rifa eletrônica de uma Porsche Macan e R$ 150 mil em dinheiro. Ele teria publicado vídeos e utilizado outros meios para induzir as vítimas.
Neste caso, Nego Di ainda teria, de forma deliberada, transferido o veículo para terceiros, adquirido o próprio número sorteado e publicado um vídeo anunciando um vencedor fictício para o prêmio.
O casal também foi denunciado por lavagem de dinheiro, no valor de R$ 2,5 milhões, por atos cometidos entre novembro de 2022 e maio deste ano. Eles teriam, inicialmente, destinado valores de rifas para contas de terceiros e, depois, utilizado a quantia para a aquisição de veículos de luxo, imóveis na Capital, na Serra e no Litoral gaúcho, além de gastos ordinários em benefício próprio.
Por fim, a denúncia de uso de documentos falsos por parte de Nego Di é referente à quando ele publicou um comprovante de uma suposta doação de R$ 1 milhão para uma campanha solidária para ajudar as vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. No entanto, a operação verdadeira era de apenas R$ 100.
Condenado por estelionato
Em junho, Nego Di foi condenado a 11 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por estelionato. A decisão da juíza Patrícia Pereira Krebs Tonet, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas, no Rio Grande do Sul, refere-se a uma investigação sobre a venda de televisões, ar-condicionados e iPhones abaixo do valor pela loja Ta di Zuera que nunca foram entregues. Além disso, a dupla não estornou os valores.
Ao todo, a condenação abrange 16 vítimas. A conta empresarial recebeu mais de R$ 5 milhões com o estelionato. Além dele, seu então sócio, Anderson Bonetti, também foi condenado pelo mesmo crime.
O humorista poderá recorrer da decisão em liberdade, desde que cumpra as medidas cautelares estabelecidas, como a de não acessar redes sociais. Bonetti, por sua vez, seguirá em prisão preventiva. Ambos foram presos em julho de 2024, sendo que a Nego Di foi concedido um habeas corpus e responde em liberdade desde novembro.
Na época, a defesa de Nego Di afirmou em nota que reforça que o influenciador nunca foi sócio de Bonetti e não participou da gestão da plataforma, tendo apenas sua imagem usada para promover a empresa. Além disso, afirma que Nego Di teria ressarcido as vítimas durante a ação penal e que o processo possui "parcialidade".