Existe pergunta proibida? Essa questão foi levantada após a demissão do repórter italiano Gabriele Nunziati.
Ele trabalhava para a agência de notícias Nova em Bruxelas, na Bélgica, desde agosto.
Em entrevista coletiva, o jornalista fez uma pergunta à porta-voz da Comissão Europeia, Paula Pinho.
“Você tem repetido várias vezes que a Rússia deve pagar pela reconstrução da Ucrânia. Acredita que Israel deve retribuir pela reconstrução de Gaza, já que eles destruíram quase toda a Faixa e a infraestrutura civil?”
A representante do principal órgão executivo europeu desconversou. “É, definitivamente, uma questão interessante sobre a qual eu não teria nenhum comentário nesta etapa.”
(Confira o diálogo em inglês em post abaixo.)
Duas semanas depois do evento, Gabriele Nunziati teve o contrato rescindido.
Segundo o portal português Sapo, a Nova classificou a questão de seu então correspondente como “tecnicamente incorreta”, “inadequada” e “errônea”.
“Ele não pode usar uma agência de notícias para sua linha política pessoal”, argumentou o dono da empresa.
Algumas entidades de imprensa se manifestaram em solidariedade ao profissional. “Um jornalista não pode ser demitido por fazer uma pergunta”, protestou a Associação Italiana de Jornalistas.
Questionada, a Comissão Europeia negou qualquer contato com a agência Nova para discutir a atuação do repórter.
Agora sem emprego, Gabriele Nunziati denuncia as condições de trabalho na Itália. “Em nosso país, há uma erosão constante da liberdade de imprensa”, disse em transmissão na internet.
Gabriele Nunziati è un cronista basato a Bruxelles
Ha posto una domanda alla Commissione, che la portavoce ha definito "interessante"
Ma l'agenzia per la quale lavora (Nova) l'ha considerata "tecnicamente sbagliata" e ha interrotto il rapporto di lavoro pic.twitter.com/iOB9mMh09k
— Marco Bresolin (@marcobreso) November 4, 2025