“Nem os michês te suportam”, diz Heleninha Roitman na mais tensa conversa com a mãe, Odete, nos últimos capítulos de ‘Vale Tudo’.
Tal aversão dos homens ficará exemplificada quando a bilionária – interpretada por Débora Bloch no remake – aparecer com o olho roxo após apanhar de um amante, Martin (o galã português Ângelo Rodrigues).
Na 1ª versão da novela, de 1988, o capítulo 34 mostrou Odete chegando de óculos escuros na mansão da irmã Celina. “Vou mostrar só uma vez”, diz, revelando o olho roxo.
“Levei um tombo e não se toca mais nesse assunto”, ordena. Ao ser perguntava sobre o gringo que a acompanhava (Marcello foi o nome original), a vilã responde irritada que ele voltou para a Europa e manda não pronunciarem mais seu nome.
Caso o roteiro seja mantido, o público verá antes Odete questionar o acompanhante sobre uma despesa de motel com uma mulher usando seu cartão de crédito. Irritada, dá uma bofetada no gigolô, que revida.
Chama atenção a personagem mais poderosa da trama ser vítima de violência doméstica. Mostra que a truculência atinge mulheres de todas as classes sociais, idades e graus de intelectualidade.
Dezenas de capítulos depois, Odete irá encorporar outro problema comum no universo feminino: a dependência emocional. Ela será refém da manipulação do golpista César (Cauã Reymond), por quem ficará loucamente apaixonada a ponto de romper com seus filhos.
Este lado demasiado humano deixa a personagem ainda mais complexa e interessante.
