Aconteceu de novo. No sábado (8), ao narrar o jogo entre Internacional e Bahia na Record, Cléber Machado se empolgou.
"Agora aqui à esquerda a bola em jogo para você, ligado na Globo!", disse.
Notado o erro, houve alguns segundos de silêncio.
A apresentadora Mariana Godoy cometeu a mesma falha três semanas antes, no ‘Jornal da Record’, igualmente em um contexto do futebol.
“Vasco e Fluminense será transmitido aqui na Globo... Aqui na Record”.
Em junho de 2024, ao encerrar a transmissão do GP da Áustria de F1 na Band, Sergio Maurício também se confundiu.
“Com todas as emoções na Globo”, disse. Fez a correção em seguida.
O âncora Marcio Gomes viveu situação semelhante numa volta de intervalo comercial.
"A GloboNews conti... A CNN continua com sua cobertura especial dos atos e manifestações de bolsonaristas em Brasília.”
Por quê?
Nos casos citados, há uma explicação lógica da falha e outra baseada na Psicanálise.
Do ponto de vista cognitivo e comportamental, os jornalistas foram traídos pelo automatismo da memória.
Eles trabalharam longos anos na Globo, disseram o nome da emissora milhares de vezes em reportagens, entradas ao vivo e na bancada de telejornais.
O cérebro estava acostumado com aquela situação. Às vezes, em determinadas situações — improviso forçado, estresse, emoção — recorre-se ao padrão antigo.
A mesma explicação serve para quando alguém troca o nome do atual namorado ou namorada pelo do antigo parceiro.
Sob a Psicanálise, especialmente segundo as teorias de Freud e Lacan, o erro pode ser uma manifestação verbal do inconsciente para indicar algo reprimido ou ainda não definitivamente elaborado.
A interpretação óbvia: os jornalistas continuam ligados à Globo por guardar mágoa pela maneira que saíram da emissora ou pelo desejo de voltar a trabalhar no canal.
Não significa, necessariamente, que seja esse o sentimento ou a intenção que suscitou o ato falho.
Pode ser tão somente uma referência marcante. Afinal, a Globo está presente no cotidiano da maioria dos brasileiros, até daqueles que se dedicam a odiá-la.