Basta um clique errado para dados pessoais serem roubados, contas bancárias invadidas e conteúdo íntimo parar nas mãos de chantagistas. Qualquer um de nós pode ser a próxima vítima de crimes no mundo virtual.
Em setembro, o canal Time Brasil-CNBC estreou o quadro ‘CiberAlerta’, toda quarta-feira, no jornal vespertino ‘Radar’.
A apresentação é de um dos maiores especialistas em cibersegurança do Brasil, João Brasio, CEO da Elytron Cybersecurity.
Em conversa com a coluna, ele explica a relevância de usar o poder de influência da TV para conscientizar o público a aumentar a proteção contra golpes online.
Como surgiu o convite para o quadro no Times Brasil? Já conhecia o dono da emissora, Douglas Tavolaro?
Na verdade, eu não conhecia o Douglas pessoalmente. Quem fez essa ponte foi o Ricardo Bellino, um grande amigo e empresário que tem uma capacidade única de conectar pessoas. Logo na primeira conversa, ficou claro que havia sinergia. O Douglas percebeu a relevância crescente da cibersegurança diante da quantidade de ataques que vêm acontecendo e do impacto direto que eles têm em governos, empresas e na vida cotidiana das pessoas. A partir daí, amadurecemos rapidamente a ideia de criar um quadro semanal fixo na CNBC, que unisse informação de qualidade com uma linguagem acessível. O quadro nasceu da percepção conjunta de que era hora de traduzir temas complexos de tecnologia, segurança da informação e inteligência artificial para o público em geral, de forma clara e útil.
Teve alguma experiência em TV antes?
Sim, ao longo da minha trajetória já tive diversas experiências com a mídia. Dei entrevistas para o ‘Jornal Nacional’, da Globo, participei de documentários, colaborei algumas vezes ao vivo com a Record, ainda que de forma online, e também já estive em programas de debates sobre tecnologia em diferentes canais. No entanto, esta é a primeira vez que assumo um quadro ao vivo em estúdio, de forma recorrente, como colunista. É uma experiência completamente diferente, a energia do estúdio, a interação em tempo real com o âncora, e a responsabilidade de trazer informações práticas e confiáveis toda semana. É desafiador, mas extremamente gratificante.
Como acontece sua participação?
Acontece ao vivo no estúdio do Times Brasil em São Paulo. Eu entro em determinado momento do jornal, toda quarta-feira, e interajo diretamente com o âncora Fabio Turci, o que traz dinamismo e autenticidade à conversa. Um ponto importante é que eu participo ativamente da criação do roteiro em conjunto com os jornalistas da emissora. Trabalhamos em equipe para garantir que cada tema seja relevante, atual e apresentado de maneira acessível, sem excesso de jargões técnicos. Meu objetivo é que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento prévio de tecnologia, consiga entender, se proteger e se interessar mais pelo tema.
Qual a importância de falar sobre cibersegurança para o amplo público da TV?
A cibersegurança deixou de ser um tema restrito a especialistas e empresas de tecnologia. Hoje, ela faz parte da vida de qualquer cidadão. Desde o momento em que desbloqueamos o celular de manhã até a hora em que fazemos uma transação bancária à noite, estamos expostos a riscos digitais. A televisão, como veículo de massa, tem a capacidade de democratizar esse conhecimento. Ao levar informação em uma linguagem clara e prática, conseguimos capacitar milhões de pessoas a se protegerem melhor e a entenderem que segurança digital não é luxo, é uma necessidade básica do mundo contemporâneo.
Emissoras como Globo e Record já sofreram ataques cibernéticos. As grandes empresas de comunicação são mais visadas?
Sem dúvida. Empresas de comunicação são alvos estratégicos porque controlam a informação e a narrativa. Um ataque bem-sucedido pode causar não apenas prejuízos financeiros, mas também abalar a credibilidade de uma emissora e gerar desinformação em larga escala. Isso as coloca no topo da lista de alvos de criminosos digitais, grupos ativistas e até ataques coordenados por estados-nação. A proteção dessas empresas precisa ir muito além do básico, envolve desde sistemas avançados de monitoramento até equipes dedicadas 24 horas por dia para identificar, mitigar e responder a incidentes. Segurança cibernética, nesse contexto, é também segurança nacional.
Você firmou um contrato com Neymar Jr. assinando num guardanapo de pano em um evento. Quais os detalhes dessa história?
Foi uma situação curiosa e simbólica. Estávamos no leilão beneficente do Neymar Jr., em um ambiente de muita energia positiva, e decidimos fechar ali mesmo um acordo de campanhas de marketing para alguns dos negócios que lidero. Em vez de esperar o formalismo de um contrato impresso, resolvemos celebrar o momento de maneira espontânea, assinando em um guardanapo de pano. Mais do que uma assinatura, foi uma demonstração de confiança mútua e da força daquele compromisso. Claro que depois formalizamos tudo legalmente, mas o guardanapo ficou como um símbolo dessa parceria inusitada.
Você circula em ambientes da elite e está entre celebridades e até membros de monarquias. Qual a importância desses contatos para o seu negócio?
Esses contatos são importantes porque ampliam a capacidade de gerar conexões estratégicas e criar oportunidades. O mundo dos negócios, especialmente em áreas de tecnologia, inovação e investimentos, depende muito da confiança e do relacionamento humano. Estar nesses ambientes me permite não apenas divulgar a relevância da cibersegurança, mas também abrir portas para colaborações em diferentes setores. Além disso, a presença em círculos de alto nível ajuda a dar visibilidade às causas que defendo, como a educação digital e a segurança da informação como direito fundamental.
Recentemente, você recebeu o título de Embaixador da Dealmakers Academy. Do que se trata essa honraria?
Esse título está relacionado muito mais à minha atuação como homem de negócios do que especificamente como especialista em cibersegurança. A Dealmakers Academy reconheceu meu trabalho à frente da Elytron Cybersecurity e também como presidente de uma holding com dezenas de empresas em diferentes segmentos. Ao longo da minha carreira, sempre busquei unir tecnologia e negócios, criando relacionamentos corporativos sólidos, conduzindo grandes negociações e estreitando laços com clientes ao nível global. Ser nomeado Embaixador da Dealmakers Academy é um reconhecimento dessa trajetória de construção de pontes e de liderança empresarial.
Qual a dica de ouro para o leitor da coluna se proteger dos perigos do mundo virtual?
A dica de ouro é: desconfie sempre. No mundo digital, a ingenuidade é a principal vulnerabilidade. Verifique links antes de clicar, ative autenticação em dois fatores em todas as suas contas, mantenha seus dispositivos atualizados e nunca compartilhe informações pessoais sem certeza de quem está do outro lado. A tecnologia de proteção é fundamental, mas a maior barreira contra os criminosos é a consciência do usuário. No fim do dia, cibersegurança começa com hábitos simples e é isso que pode fazer toda a diferença.