Tiago é inseguro, tímido e oprimido. Parece um adolescente de 15 anos assustado com a descoberta das dores e delícias da vida.
Aos 27, Pedro Waddington consegue atingir a fragilidade emocional e a falta de maturidade do personagem. Convence no papel – graças, também, ao carisma em maturação.
Mas o ator recebe recorrentes críticas por seu desempenho. Passou a ocupar o lugar de ‘saco de pancadas’ imposto a Bella Campos antes de ‘Vale Tudo’ estrear.
Parte dos telespectadores sente prazer sádico em eleger um alvo fácil para despejar julgamento apressado, capaz de abalar a saúde mental do ator ou atriz em questão.
Pesa na cabeça de Pedro a aura de suposto nepotismo por ter filho do ex-chefe da Dramaturgia da Globo, Ricardo Waddington, e da atriz Helena Ranaldi, além da ligação parental com o cineasta Andrucha Waddington e a atriz Fernanda Torres.
Cobra-se dele o preço alto por ter nascido entre famosos, herdeiro e explicitamente belo. Para uma crítica justa de sua interpretação, é imprescindível dissociá-lo desses privilégios.
Talvez, o que mais irrite os descontentes não seja propriamente a atuação de Pedro, e sim o perfil de Tiago, um tanto ultrapassado nestes 37 anos entre a versão original e o remake de ‘Vale Tudo’.
A geração atual está associada à precocidade e malícia, desapego familiar e extremo individualismo, superficialidade nos relacionamentos e apatia sobre quase tudo e todos. Dócil, amoroso e empático, Tiago é um estranho no ninho no mundo contemporâneo.
Pedro Waddington terá de ser forte para suportar a onda de ódio na internet, assim como seu personagem precisa de coragem para enfrentar mãe alcoólatra, pai autoritário, avó manipuladora e a rejeição automática de tantas pessoas aos nascidos em berço de ouro – neste último aspecto, a arte imita a vida.
